Sérgio Tavares e o documentário que promete agitar o cenário político brasileiro

O jornalista português Sérgio Tavares está prestes a lançar um dos documentários mais polêmicos dos últimos anos: The Fake Judge: The Story of a Nation in the Hands of a Psychopath (“O falso juiz: a história de um país nas mãos de um psicopata”, em tradução livre). O longa, previsto para estrear em 25 de maio de 2025, propõe uma crítica direta ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e promete reacender discussões sobre liberdade de expressão, democracia e poder no Brasil.

A produção contará com entrevistas de figuras de peso da oposição ao atual governo, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o pastor Silas Malafaia. A narrativa visa expor o que Tavares classifica como “prisões arbitrárias, tortura, crimes e violações da liberdade de expressão” durante a gestão de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O jornalista que virou protagonista

Sérgio Tavares ganhou notoriedade no Brasil em fevereiro de 2024, quando tentou entrar no país para cobrir um ato político convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo. No entanto, sua entrada foi barrada pela Polícia Federal, sob alegação de falta de visto de trabalho. O jornalista ficou detido por mais de quatro horas no Aeroporto de Guarulhos para prestar esclarecimentos antes de ser deportado. O episódio gerou ampla repercussão na imprensa e entre políticos alinhados à oposição, que questionaram a medida.

Desde então, Tavares tem trabalhado em um documentário que, segundo ele, busca “fazer com que o mundo olhe para o Brasil como olha a Venezuela” e provocar reações de órgãos internacionais, especialmente dos Estados Unidos, sobre a atuação do STF no cenário político do país.

Impacto global e desafios jurídicos

Com um lançamento programado para 2025, a expectativa é que The Fake Judge gere debates acalorados tanto no Brasil quanto no exterior. O tema central do documentário, que questiona a imparcialidade e os limites do poder judiciário, pode ressoar entre críticos da Suprema Corte brasileira e estimular novos questionamentos sobre a atuação de ministros em questões políticas.

No entanto, o projeto também pode enfrentar desafios legais. Alexandre de Moraes já demonstrou disposição em coibir ataques diretos à sua imagem e atuação, o que levanta questões sobre possíveis desdobramentos jurídicos caso o documentário venha a ser exibido em território brasileiro.

Enquanto a data de lançamento se aproxima, a produção de The Fake Judge continua gerando expectativas e dividindo opiniões. Resta saber se o documentário será apenas mais uma peça de contestação política ou se conseguirá, de fato, influenciar a percepção internacional sobre o Brasil e sua democracia.

A motivação

“A ideia que eu quero é que o mundo, quando veja a palavra Brasil, comente nos cafés, nas conversas entre amigos, que o Brasil tem uma ditadura à frente na sua gestão e que tem um poder judicial que engoliu o Poder

Legislativo”, afirmou.

A ideia da produção veio, segundo Sérgio, justamente quando ele veio ao Brasil acompanhar o ato convocado por Bolsonaro. Na ocasião, foi indagado por agentes a respeito de comentários feitos em seus perfis nas redes sociais sobre o STF, as urnas eletrônicas e a democracia brasileira.

“Se eu não fizer [o documentário], ninguém mais pode fazer, porque se um brasileiro fizesse o trabalho que eu estou fazendo, seria automaticamente preso ou morto”, afirmou.

O jornalista disse que não espera um contra-ataque do Supremo com a produção. Mas, caso aconteça, diz querer contar com a ajuda de autoridades portuguesas, como a embaixada e a Justiça, e até mesmo de “pessoas importantes” que estariam no documentário.