Um homem de 33 anos foi preso em flagrante, na noite de ontem (20), após ser flagrado filmando mulheres dentro do banheiro feminino de um restaurante na Asa Norte, região central de Brasília. O caso chocou frequentadores e reacendeu o debate sobre a reincidência de crimes sexuais e a sensação de impunidade.
Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o suspeito invadiu o banheiro e se escondeu em uma das cabines. De lá, utilizou um celular para registrar imagens íntimas de mulheres que usavam os sanitários vizinhos. A ação criminosa foi interrompida por uma das vítimas, que percebeu a movimentação e notou um aparelho sendo apontado por uma fresta entre as divisórias.
Assustada, ela gritou por socorro. O namorado da vítima, que a aguardava do lado de fora, entrou no local, imobilizou o suspeito e acionou a polícia.
Ao chegarem ao restaurante, os policiais apreenderam o celular do homem e, após checagem, constataram que ao menos outras cinco mulheres já haviam sido filmadas naquele mesmo dia, todas dentro do mesmo banheiro. As imagens foram registradas de maneira clandestina e sem o consentimento das vítimas.
Histórico extenso e reincidência grave
O que torna o caso ainda mais alarmante é o extenso histórico criminal do acusado. De acordo com a ficha policial, ele acumula 21 anotações criminais, entre elas:
- 7 registros por importunação sexual
- 6 por filmagem ilegal de mulheres sem consentimento
- 1 por tentativa de estupro
- 1 por ato obsceno
- Além de outras ocorrências relacionadas a condutas de mesma natureza.
Apesar da reincidência e da gravidade dos crimes anteriores, o homem seguia em liberdade.
Prisão e encaminhamento ao MPDFT
Após a prisão em flagrante, o suspeito foi encaminhado à delegacia da 5ª DP (Área Central), onde foi autuado por registro não autorizado de intimidade sexual, crime previsto no artigo 216-B do Código Penal, com penas que podem variar de um a cinco anos de reclusão.
Dada a reincidência, o caso foi rapidamente remetido ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que agora avalia se oferece denúncia formal à Justiça ou se solicita novas diligências para aprofundamento das investigações.
Medo, revolta e silêncio rompido
As vítimas, embora abaladas, prestaram depoimento e tiveram seus relatos colhidos com o apoio da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM). Uma delas, que preferiu não ser identificada, relatou a sensação de invasão e impotência:
“É um sentimento de nojo, de violação. A gente sai pra jantar, pra viver, e se depara com esse tipo de ameaça até no banheiro. E o pior: ele já fez isso antes. Quantas mulheres mais ele precisa ferir pra ser afastado de vez das ruas?”
Um crime silencioso, mas recorrente
Casos como este não são isolados. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, crimes de importunação sexual e violações de privacidade — como a gravação não autorizada de imagens íntimas — têm crescido nos últimos anos, impulsionados pelo fácil acesso a tecnologias e pela morosidade do sistema penal em lidar com crimes sexuais de baixa visibilidade pública.
Especialistas alertam que a reincidência nesse tipo de crime é alta, e que a impunidade ou ausência de medidas protetivas contribui para a perpetuação do comportamento ofensivo.
O que diz a lei?
Desde a promulgação da Lei nº 13.772/2018, é crime realizar, produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cenas de nudez ou ato sexual sem o consentimento da vítima. A pena aumenta se o autor for reincidente ou se houver divulgação das imagens.
O caso está em andamento. O Ministério Público deve se manifestar nos próximos dias. O nome do acusado não foi divulgado oficialmente, em razão da legislação vigente sobre sigilo de inquérito e proteção à integridade das vítimas.