Lula ignora denúncia bolsonarista sobre inserções de propaganda eleitoral

Ordem da campanha petista é ignorar denúncias de que rádios no Nordeste não teriam veiculado inserções publicitárias de Jair Bolsonaro (PL)

O PT decidiu não entrar num debate com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a denúncia bolsonarista de que rádios no Nordeste não teriam veiculado inserções publicitárias de sua campanha à reeleição, e a ordem no QG do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é não alimentar o assunto.

“Acho que, sem querer ser arrogante, bateu um desespero”, disse o tesoureiro da campanha petista, Márcio Macedo.

No início da noite desta quarta-feira, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, decidiu rejeitar a denúncia.

A ordem na campanha de Lula é ignorar o assunto nas redes, nas propagandas e nos discursos. De acordo com uma fonte petista, a avaliação é que se trata de mais uma tentativa de criar um fato novo diante da sequência de notícias negativas para a campanha de Bolsonaro.

“Vamos ignorar”, garantiu a fonte.

Bolsonaro vem tentando se passar de vítima na situação e ainda usá-la para reforçar seus costumeiros ataques ao TSE e ao PT. “O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica, é interferência, é manipulação de resultado… lamentavelmente PT e TSE têm muito que se explicar nesse caso”, disse Bolsonaro, sem elaborar como o PT poderia estar envolvido no caso.

De acordo com a legislação, cabe aos partidos enviarem às emissoras o material a ser apresentado e também a fazerem a fiscalização do que está sendo apresentado.

“Não vamos tratar disso. É puro desespero”, disse a fonte petista.

Nesta quarta-feira, 26, começaram a aparecer insinuações de aliados bolsonaristas de que seria necessário adiar a eleição para supostamente equilibrar o tempo da propaganda eleitoral.

As datas das eleições, no entanto, estão previstas na Constituição. Para mudá-las, como foi feito em 2020 nas eleições municipais –devido à pandemia de Covid-19–, é preciso aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

“Não tem clima para isso. Mesmo que tivesse tempo, não tem clima nacional, internacional, nenhum para isso”, disse Macedo.

Para a presidente do PT, o episódio mostra “Bolsonaro querendo bagunçar a eleição outra vez”.