Sob salvo-conduto do STF, Nelson Wilians silencia e acirra ânimos na CPMI do INSS

Advogado evita responder à maior parte das perguntas; comissão apura fraudes bilionárias que atingiram aposentados e pensionistas

CPMI que investiga fraudes bilionárias no INSS transformou a manhã desta quinta-feira (18/9) em um teste de paciência. Amparado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Nelson Wilians compareceu, mas se recusou a responder à maioria dos questionamentos feitos por deputados e senadores. A sessão começou às 9h49 e, cerca de 15 minutos depois, o depoente passou a acionar de forma recorrente o direito ao silêncio, o que irritou o colegiado.

O que disse (e o que não disse)

Mesmo lacônico, Wilians fez dois registros:

  • “Não tenho qualquer participação nas fraudes do INSS.”
  • “Não conheço o ‘Careca do INSS’.”

Fora dessas negativas, evitou detalhar relações, operações e eventuais vínculos com investigados.

Contexto da investigação

A comissão — instalada no Senado e composta por parlamentares das duas Casas — apura um esquema que teria lesado milhões de beneficiários, com prejuízos bilionários ao erário. Ao abrir os trabalhos do dia, integrantes da CPMI classificaram o quadro como “atentado de proporções inaceitáveis” contra aposentados e pensionistas. Além do advogado, sócios e a esposa do chamado “Careca do INSS” foram pautados para depoimentos.

Clima no plenário

A insistência no silêncio elevou o tom da sessão, com sucessivas tentativas de extrair respostas objetivas. Parlamentares alternaram perguntas de mérito e questionamentos de procedimento, na tentativa de contornar os limites impostos pela decisão do STF e registrar em ata as recusas.

Próximos passos

A CPMI deve prosseguir com oitivas e pedidos de documentos para mapear fluxos financeiros, identificar responsáveis e apontar lacunas regulatórias que possibilitaram a fraude. Relatórios parciais devem reunir as negativas de colaboração, as declarações formais e as diligências ainda em curso.