Investigação do Gaeco aponta que liderança da facção tentou, sem sucesso, assediar Kassio Nunes Marques para interesses criminosos
O Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do país, tentou se aproximar de autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo revelou uma investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Documentos e quebras telemáticas reunidos em 683 páginas do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) mostram que emissários ligados a Rodrigo Felício, o “Tiquinho” — integrante da cúpula do PCC —, voaram a Brasília para tentar contato direto com o ministro Kassio Nunes Marques. O plano, porém, não obteve êxito.
✉️ Cartas manuscritas e tentativas de contato
Segundo a apuração, Tiquinho, mesmo preso na Penitenciária de Segurança Máxima Presidente Venceslau II, no interior paulista, mantinha uma complexa rede de comunicação clandestina. Por meio de cartas escritas à mão, enviadas com o auxílio de sua companheira durante visitas íntimas, o faccionado repassava instruções minuciosas a familiares e comparsas fora da prisão.
Em uma das correspondências, Tiquinho orientava sua filha sobre como abordar o ministro Kassio Nunes Marques, sugerindo estratégias de aproximação e pleiteando reuniões. Os investigadores não encontraram evidências de que o ministro tenha tido qualquer tipo de contato com os emissores ou tenha sequer tomado ciência formal da tentativa.
⚖️ Repercussões e preocupações institucionais
O caso acende um alerta preocupante sobre o nível de audácia e articulação das organizações criminosas no Brasil, que agora buscam acesso direto às instituições centrais da República. Especialistas em segurança pública classificam a tentativa como um movimento tático da facção, que tenta influenciar decisões, ampliar seus tentáculos e criar canais de pressão institucional.
O episódio também reforça discussões sobre a segurança pessoal de ministros do Supremo, a necessidade de blindagem institucional e o aprimoramento dos protocolos de contenção de influência externa sobre o Poder Judiciário.
🚨 O que diz o STF e o Ministério Público
Até o momento, o Supremo Tribunal Federal não se pronunciou oficialmente sobre o episódio. Fontes próximas ao ministro Kassio Nunes Marques indicam que ele não chegou a ser abordado diretamente e que não houve qualquer recepção a emissários.
O Ministério Público de São Paulo, por sua vez, prossegue com as investigações para aprofundar a análise da estrutura de comunicação do PCC e identificar possíveis ramificações e cúmplices no esquema.