Lula critica austeridade e volta a defender nova moeda em reunião do banco do Brics

Presidente também aponta perda de liderança da ONU e acusa Israel de praticar genocídio na Faixa de Gaza

Durante reunião do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como banco do Brics, realizada nesta sexta-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar o modelo de austeridade fiscal e reforçou sua defesa por uma nova moeda de comércio internacional, alinhada à proposta de desdolarização das trocas entre países do bloco.

O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo. Toda vez que se fala de austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico. É isso que temos que mudar”, afirmou Lula.

O encontro ocorreu em um momento de discussões geopolíticas intensas, com o Brasil tentando fortalecer seu papel dentro do Brics — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e buscar alternativas ao sistema financeiro global dominado pelo dólar.


Nova moeda para comércio internacional: aceno à desdolarização

Lula reforçou a proposta de criação de uma moeda própria para o comércio entre países do Brics, uma ideia já ventilada em outras ocasiões, mas que enfrenta forte resistência interna no bloco e alerta por parte de potências ocidentais, como os Estados Unidos. Durante seu governo, Donald Trump chegou a ameaçar retaliações contra iniciativas que fragilizem o dólar como moeda global.

“A discussão de vocês sobre uma nova moeda de comércio é extremamente importante. É complicado? Eu sei. Tem problemas políticos? Eu sei. Mas se a gente não encontrar uma nova fórmula, vamos terminar o século 21 como começamos o século 20 — e isso não será benéfico para a humanidade”, afirmou.


Críticas à ONU e acusação de genocídio a Israel

O presidente brasileiro também criticou a falta de lideranças globais efetivas, apontando que a perda de influência da Organização das Nações Unidas (ONU) compromete a tomada de decisões internacionais em temas como guerra e paz.

Nesse contexto, Lula acusou Israel de praticar genocídio na Faixa de Gaza, reforçando sua posição crítica em relação à condução da ofensiva militar israelense contra o Hamas.


Brasil propõe nova governança global

A fala de Lula insere-se em uma narrativa mais ampla do governo brasileiro, que tem defendido uma nova governança global, com maior participação dos países do Sul Global nas decisões multilaterais. A criação de uma nova moeda e o fortalecimento de instituições alternativas, como o banco do Brics, fazem parte dessa estratégia.

O evento desta sexta-feira reuniu representantes econômicos e políticos de países membros, e ocorre em meio a esforços para ampliar a atuação do banco, com mais investimentos em infraestrutura e projetos sustentáveis nos países em desenvolvimento.