Jornalista americano acusa Moraes de excessos e estrutura paralela nas prisões do 8 de Janeiro

Segundo a CNN, dossiê de Michael Shellenberger aponta suposta força-tarefa ilegal para prender manifestantes e uso de conversas privadas como base para decisões do STF

Foto: Felipe Sampaio (STF)

O jornalista americano Michael Shellenberger publicou nesta segunda-feira (4) um novo dossiê com acusações graves contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo os desdobramentos dos atos de 8 de janeiro de 2023. De acordo com a CNN, o material sugere que o STF teria criado uma força-tarefa ilegal e paralela para investigar e prender manifestantes pró-Bolsonaro.

Segundo a CNN, o dossiê contém supostos documentos oficiais e conversas de WhatsApp que indicariam que Moraes estabeleceu um protocolo interno para monitorar redes sociais e, com base nessas análises, justificar as prisões dos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

De acordo com o jornalista, as ações teriam sido coordenadas por meio de um grupo de WhatsApp formado por servidores do STF e do TSE, entre eles o ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro. Ainda segundo a CNN, entre os participantes também estaria Cristina Yukiko Kusahara, então chefe de gabinete do ministro.

A CNN relata que um dos diálogos vazados mostra Cristina afirmando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia solicitado liberdade provisória para presos preventivos, mas que Moraes não queria conceder antes de avaliar as redes sociais dos detidos. O grupo no WhatsApp teria sido encerrado em 1º de março de 2023, com uma mensagem de despedida atribuída ao juiz Airton Vieira.

O dossiê, segundo a CNN, acusa Moraes de exercer uma “concentração extraordinária de poderes” e de usar sua posição simultânea no STF e no TSE para contornar limites legais em investigações e decisões judiciais. O material é assinado pelos jornalistas David Ágape e Eli Vieira.

Michael Shellenberger já havia ganhado notoriedade com a publicação do chamado “Twitter Files Brasil”, em que denunciou supostas pressões do Judiciário brasileiro sobre a plataforma X (ex-Twitter) para obtenção de dados de usuários críticos ao sistema eleitoral.

Apesar das denúncias, a CNN não conseguiu confirmar a autenticidade dos documentos apresentados por Shellenberger.

A emissora informou que procurou os citados na publicação: o ministro Alexandre de Moraes, sua chefe de gabinete Cristina Yukiko Kusahara, o juiz Airton Vieira e Eduardo Tagliaferro. Até o momento, nenhum deles se pronunciou. A CNN segue aberta para atualizações e manifestações das partes envolvidas.