Ex-Assessor de Moraes Afirma Ter Provas de Abusos no TSE

Eduardo Tagliaferro, agora na Itália, diz que ministro ordenou monitoramento político seletivo

ROMA — O ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, afirmou nesta quarta-feira (30) que possui provas documentais de supostos abusos cometidos pelo ministro durante as eleições de 2022. Em entrevista à revista Timeline, o ex-servidor relatou ter recebido ordens para monitorar apenas perfis ligados à direita política e que manteve arquivos que poderiam comprometer a atuação do gabinete.

“Eu tenho bastante coisa. Tem algumas coisas fraudulentas. Ele sabe do que estou falando”, disse Tagliaferro, que atualmente está na Itália, onde afirma buscar proteção e liberdade para divulgar os materiais.

Segundo o ex-assessor, a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), criada pelo TSE em 2022, teria operado com viés ideológico, deixando de lado qualquer investigação sobre desinformação praticada por grupos de esquerda.

“Só entravam nomes ligados à direita. Nunca vi nada vindo do outro lado. Era seletivo”, afirmou.

Além das acusações contra Moraes, Tagliaferro afirmou que há envolvimento de setores da Procuradoria-Geral da República (PGR) e mencionou a existência de um “conluio institucional” em Brasília, no qual agentes públicos agiriam de forma coordenada para silenciar opositores.

Investigado pela Polícia Federal desde 2024, o ex-assessor responde por violação de sigilo funcional, após o vazamento de conversas internas da assessoria do TSE. Segundo a PF, ele teria enviado trocas de mensagens a jornalistas, incluindo conteúdos confidenciais.

Tagliaferro sustenta que, mesmo sob investigação, mantém consigo provas preservadas que demonstrariam “uso político da máquina pública eleitoral”. Ele promete torná-las públicas “em breve”.

Até o momento, nem Alexandre de Moraes nem o Supremo Tribunal Federal se pronunciaram oficialmente sobre as alegações.