Apesar de liderar ranking de rendimento médio mensal por pessoa, capital federal exibe desigualdades marcantes de raça e gênero
O Distrito Federal registrou, em 2024, o maior rendimento médio mensal real domiciliar per capita do país: R$ 3.276, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) – Rendimento de Todas as Fontes, divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (8/5). No entanto, o dado que revela riqueza esconde uma realidade incômoda: o DF também lidera o ranking nacional de concentração de renda, com base no índice de Gini.
O índice de Gini é uma medida reconhecida internacionalmente para avaliar a desigualdade de distribuição de renda — quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. O número exato do índice para o Distrito Federal em 2024 não foi divulgado na prévia da pesquisa, mas, historicamente, a unidade da federação apresenta os piores desempenhos nesse quesito.
Desigualdade de gênero e raça
Além da má distribuição de renda, a pesquisa também revelou disparidades profundas entre grupos sociais. Homens recebem, em média, 31% a mais que mulheres, e a renda de pessoas brancas é 80% superior à de pessoas negras ou pardas.
Esses dados reiteram padrões históricos de desigualdade no país e levantam alertas sobre a efetividade de políticas públicas voltadas à equidade no mercado de trabalho e na distribuição de recursos.
Menor proporção de população com renda de trabalho
Outro dado relevante da pesquisa é que apenas 48,6% da população do Distrito Federal tem renda proveniente do trabalho, uma queda de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior. Isso reforça a dependência de parte significativa da população por outras fontes de sustento, como benefícios sociais, aposentadorias ou pensões.
Riqueza concentrada, desafios ampliados
Mesmo à frente de estados como São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544) no quesito de renda per capita, o Distrito Federal convive com extremos: concentração de renda elevada, desigualdade racial e de gênero e queda na proporção de trabalhadores ativos.
O retrato revelado pela Pnad reforça que o desenvolvimento econômico não é suficiente sem inclusão social e distribuição equitativa de oportunidades. A capital do país, sede dos Três Poderes, espelha – e amplia – os desafios estruturais do Brasil.