STF condena generais e almirante pela 1ª vez a até 26 anos de prisão

Decisão histórica inclui militares de quatro estrelas e pode levar à perda de patentes pelo STM

Supremo Tribunal Federal (STF) fez história ao condenar, pela primeira vez, militares da mais alta patente por participação na trama golpista. As penas variam de 26 anos e 6 meses a mais de 20 anos, somando ao todo 91 anos e 6 meses de prisão. Além disso, as multas aplicadas ultrapassam R$ 555 mil.

Entre os condenados estão os generais de quatro estrelas Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, além do almirante Almir Garnier Santos. Todos foram considerados culpados por crimes como golpe de Estadoorganização criminosa.

O julgamento também atingiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), capitão reformado do Exército, e o tenente-coronel Mauro Cid, que recebeu pena menor devido a acordo de delação premiada.

Risco de perda das patentes

Com o trânsito em julgado, os condenados poderão perder postos e patentes militares. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, determinou o envio de ofício ao Superior Tribunal Militar (STM) e aos comandos do Exército e da Aeronáutica para análise do caso.

A Constituição, em seu artigo 142, prevê que o oficial só perderá a patente se for julgado indigno ou incompatível com o oficialato por decisão de tribunal militar permanente. Caso o STM entenda que os militares não podem permanecer nas Forças Armadas, eles deixarão de receber salários — valores que poderão ser convertidos em pensão para cônjuges ou filhos menores.

Marco histórico

A decisão do STF representa um marco na história da Justiça brasileira, estabelecendo um precedente de responsabilização direta de militares de alta patente por crimes contra o Estado democrático de direito.