Moraes garante julgamento de Bolsonaro e ignora sanções dos EUA

Ministro do STF afirma que réus por tentativa de golpe serão julgados ainda este semestre e descarta interferências externas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (1º/8), na sessão de abertura do Judiciário, que as sanções impostas a ele pelo governo dos Estados Unidos não terão qualquer impacto sobre o andamento dos julgamentos relativos à tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022.

“Este relator vai ignorar as sanções aplicadas e vai continuar trabalhando”, reforçou Moraes em discurso firme, destacando que o STF seguirá com o julgamento dos quatro núcleos de acusados, incluindo o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)ainda neste segundo semestre de 2025.

“O rito processual do STF não se adiantará, não se atrasará. O rito irá ignorar as sanções praticadas. Este relator vai continuar os julgamentos. Sempre de forma colegiada. Não nos acovardando diante de ameaças, sejam daqui, sejam de qualquer outro lugar”, afirmou.

Julgamento de todos os núcleos segue em curso

Além do núcleo ligado a Bolsonaro, os outros três grupos — totalizando 31 réus — também serão julgados neste semestre. Moraes garantiu que o Supremo dará “uma resposta final à sociedade” sobre quem foram os responsáveis pela tentativa de ruptura institucional.

“O STF vai inadmitir interferência externa no Judiciário”, declarou o ministro.

Defesa da soberania e apoio interno

Durante a sessão, ministros da Corte e autoridades brasileiras se manifestaram em defesa de Moraes, criticando sanções estrangeiras e reiterando o compromisso do Judiciário com a democracia.

O presidente do STF, Roberto Barroso, afirmou que o tribunal tem como missão “impedir a volta ao passado” e destacou a atuação firme de Moraes. “A marca do Judiciário é a independência e a imparcialidade. Todos os réus serão julgados por provas, sem interferências”, disse.

Barroso também destacou que o Brasil é um caso raro no mundo: “Um tribunal que conseguiu evitar uma erosão democrática grave, sem abalos institucionais.”

O ministro Gilmar Mendes também se posicionou:

“Ministro Alexandre tem prestado um serviço fundamental ao Estado brasileiro, demonstrando prudência e assertividade na condução dos procedimentos.”

Soberania nacional em pauta

O tema da soberania brasileira foi reforçado em diversas falas. Gilmar Mendes afirmou que “ataques à atuação jurisdicional do STF representam uma afronta à soberania nacional”.

Jorge Messias, advogado-geral da União, completou:

“O Brasil é um Estado soberano e merece respeito. Não aceitamos que autoridades sejam ameaçadas.”