Caso Allan dos Santos influenciou decisão do governo Lula contra extradição de espião russo aos EUA

Pedido de Washington para levar Sergey Cherkasov aos EUA foi barrado sumariamente pelo Ministério da Justiça; relação com jornalista pesou na decisão

O governo brasileiro recusou de forma sumária o pedido dos Estados Unidos para extraditar o espião russo Sergey Vladimirovich Cherkasov, atualmente preso em Brasília. A decisão, tomada ainda na primeira análise do Ministério da Justiça, foi influenciada pela postura do governo americano no caso do jornalista Allan dos Santos, segundo fontes próximas ao Planalto.

Cherkasov, que viveu no Brasil sob identidade falsa, foi condenado por uso de documentos fraudulentos e está detido em área especial da Penitenciária Federal de Segurança Máxima da capital. Ele também é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro.

Embora a Rússia tenha feito seu próprio pedido de extradição, os Estados Unidos também formalizaram uma solicitação alegando que Cherkasov atuou como agente ilegal de Moscou em território americano, utilizando a falsa identidade brasileira.

No entanto, o governo Lula optou por rejeitar o pedido de Washington de forma imediata, sem que houvesse análise aprofundada ou encaminhamento diplomático formalizado. Segundo apuração, um dos elementos que influenciaram essa postura foi o “silêncio” da Casa Branca diante dos pedidos do Brasil para que os EUA extradissem Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira e atualmente vivendo nos Estados Unidos.

Allan dos Santos é investigado em inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) por disseminação de fake news e ataques à democracia. O jornalista bolsonarista teve ordem de prisão expedida, mas segue em liberdade no exterior — o que é visto como um desrespeito à reciprocidade jurídica por integrantes do governo brasileiro.

A decisão de rejeitar o pleito americano é vista como um recado político-diplomático: o Brasil não irá colaborar em casos considerados sensíveis aos interesses de Washington enquanto não houver gesto semelhante em relação às demandas brasileiras.

Cherkasov segue detido no Brasil enquanto o país analisa o pedido russo — e, ao que tudo indica, a extradição para Moscou é a opção mais provável neste momento.

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