Temer defende “repensar tudo” sobre dosimetria após novas sanções dos EUA

Ex-presidente diz que gesto foi “agressivo”, recomenda “deixar a poeira assentar” e admite não haver, por ora, melhor caminho

São Paulo — 22.set. O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira que a articulação para reduzir penas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros condenados por 8 de Janeiro precisa ser reavaliada após as novas sanções impostas pelos Estados Unidos à esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Alexandre de Moraes, e a uma empresa da família.

“Realmente, esse último gesto foi bastante agressivo. Modifica um pouco as coisas… neste momento, é preciso repensar um pouco”, disse Temer, em entrevista à GloboNews durante evento com investidores na zona sul de São Paulo.

Segundo Temer, a construção política liderada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e com participação do presidente da Câmara, Hugo Motta, “vinha fluindo”, mas o quadro mudou com a aplicação da Lei Magnitsky. O ex-presidente acrescentou: “Essas coisas são assim, acontecem… é preciso deixar a poeira assentar e retomar o assunto”.

Temer tem atuado como conselheiro de Paulinho na formulação do projeto e, à colunista Malu Gaspar, já havia sinalizado a necessidade de “repensar tudo de novo”. Ele admitiu não saber qual o melhor caminho neste momento, mas disse que, se convidado, “dará palpites”.

Na quinta-feira (18), Temer se reuniu com os deputados Aécio Neves (PSDB) e Paulinho da Força para discutir o texto que pretende beneficiar condenados por participação na tentativa de golpe e nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Próximos passos — Com o novo contexto, interlocutores avaliam que a proposta deve perder tração no curto prazo, enquanto líderes partidários tomam a temperatura do Congresso e das reações institucionais às sanções.