Grifes como Louis Vuitton e Hermès repassam novos custos ao consumidor americano após tarifa de 10% sobre produtos da União Europeia
O mercado de luxo entrou no radar da política econômica. Após o anúncio do presidente Donald Trump sobre novas tarifas recíprocas contra países da União Europeia, marcas de alto padrão como Louis Vuitton e Hermès já começaram a reajustar seus preços nos Estados Unidos. O impacto foi imediato: um dos modelos mais populares da Louis Vuitton, a bolsa Neverfull, subiu US$ 100 em território americano.
O acessório, que custava US$ 2.200, agora é vendido por US$ 2.300, conforme apuração da Bloomberg. O reajuste de 4,8% reflete o repasse da tarifa de 10% imposta por Washington às importações de produtos europeus — e acende um sinal de alerta tanto no mercado consumidor quanto nas estratégias do grupo francês LVMH, dono da Louis Vuitton.
A bolsa símbolo do consumo aspiracional
A Neverfull GM é mais do que uma tote bag — tornou-se um ícone aspiracional do consumo de luxo norte-americano. Estampada pelo monograma LV e com forro listrado, a peça é vista como uma “porta de entrada” ao mundo Louis Vuitton. Sua popularidade é tamanha que, no primeiro trimestre de 2025, os Estados Unidos representaram 24% do faturamento da LVMH, segundo dados oficiais do grupo.
Com esse reajuste, os consumidores americanos sentem de forma direta os efeitos da nova política tarifária da Casa Branca, que mira especialmente setores de alta rentabilidade — como a moda de luxo.

Efeito dominó no luxo europeu
A Louis Vuitton não é caso isolado. A Hermès — outro ícone francês — também anunciou que reverá seus preços nos EUA a partir de maio, como forma de absorver os impactos fiscais sem comprometer as margens de lucro. Analistas do setor acreditam que outras grifes europeias seguirão o mesmo caminho, consolidando um novo ciclo de aumento gradual nos preços do mercado de luxo americano.
Estratégia de contenção ou oportunidade de reposicionamento?
Para especialistas, o cenário também representa uma chance estratégica para as grifes refinarem seu posicionamento. “O aumento de preço pode ser reposicionado como uma valorização ainda maior do luxo como exclusividade”, explica uma consultora de branding de moda. O desafio é manter o equilíbrio entre desejo, escassez e acessibilidade controlada.
Ao que tudo indica, o consumidor de luxo americano continuará comprando — mas agora pagará também pela geopolítica.
