Rede pública dispõe de medicamentos que atuam como antídotos para o veneno dos bichos; foram 2,5 mil acidentes no ano passado e 800 em 2022, com maior número de episódios envolvendo acidentes com escorpiões
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) registrou 2.595 acidentes com animais peçonhentos em 2021. Em 2022, foram 800 ocorrências até o momento. Nesse período, o maior número de episódios sinaliza picada de escorpiões: 2.019 no ano passado e 585 nos primeiros meses deste ano. Para tratar as vítimas, a Rede de Frio da SES dispõe de medicamentos que atuam como antídotos para o veneno dos animais.
Somente hospitais públicos possuem o soro contra picadas de animais peçonhentos
De acordo com a gerente da Rede de Frio, Tereza Luíza de Souza Pereira, os soros disponíveis no DF são destinados a picadas de aranhas, escorpiões, lagartas e cobras – contra o veneno dessas, há soro específico para cascavel, surucucu, jararaca e coral-verdadeira.
O material é produzido pelo Instituto Butantã, em São Paulo, e distribuído pelo Ministério da Saúde. Após ser retirado da cobra, o veneno passa por manipulação e é inoculado em cavalos mantidos pelo Butantã. Na etapa seguinte, o sangue do animal é colhido e, logo depois, separado do plasma. Finalmente, desse plasma é produzido o antídoto.
Soro contra picadas
O soro contra picadas de animais peçonhentos e está disponível apenas em hospitais públicos. No Distrito Federal, as unidades de referência são os hospitais Regional da Asa Norte (Hran), Materno Infantil (Hmib), do Paranoá, do Guará, de Taguatinga (HRT), do Gama, de Santa Maria (HRSM), de Planaltina, de Sobradinho, de Ceilândia e de Brazlândia.
A distribuição do soro no DF é feita entre os hospitais credenciados, de acordo com a incidência dos acidentes ocorridos. “No Guará, por exemplo, não vimos acidente com cobras; já com escorpiões, são muitos”, informa Tereza Pereira. “No entanto, acidentes com cobras ocorrem mais em Brazlândia e Planaltina.”
Tereza Luíza orienta que em caso de picada por algum dos animais citados, a pessoa deve se dirigir a um dos hospitais de referência mais próximos. “Dependendo do tipo de peçonha, quanto mais rápido a pessoa receber atendimento melhor. Conforme a quantidade de veneno que seja inoculado, a pessoa pode correr risco de morte”, explica.
Combate ao perigo
No hospital, relata a gerente, é feita uma avaliação, pois nem sempre uma picada requer administração de soro. É nas unidades hospitalares que os acidentes são classificados como leves, moderados ou graves.
Tereza lembra que, embora a Rede de Frio esteja abastecida, desde 2014 o país passa por desabastecimento. “Para prepararmos o soro, precisamos do animal”, diz. “Temos que entender que esse item [soro] é finito. É preciso ter controle desse produto.”
Acidentes com animais peçonhentos, reforça a servidora, são de notificação compulsória. “A cada pessoa picada, é feita uma notificação para acompanhamento”, diz. “Só recebemos soro depois que o existente já tenha sido utilizado.”
O combate a aranhas, escorpiões, lacraias e lagartas nas residências é feito pela Vigilância Ambiental da SES. Já o Batalhão de Polícia Ambiental é responsável pelo recolhimento de cobras, enquanto o Corpo de Bombeiros controla as abelhas.
“Para evitar a proliferação de animais peçonhentos em residências, as pessoas devem manter as casas limpas, não acumular inservíveis e fazer a poda regular da vegetação”, orienta o biólogo Israel Martins, da Vigilância Ambiental.