Parlamentar do PL justifica projeto com base na “defesa dos valores conservadores” do ex-presidente norte-americano
O deputado distrital Joaquim Roriz Neto (PL) apresentou um projeto de decreto legislativo que propõe conceder o título de Cidadão Honorário de Brasília ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A proposta, protocolada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), causou surpresa e dividiu opiniões nas redes sociais e nos bastidores da política local.
Filho do ex-governador Joaquim Roriz e nascido nos Estados Unidos, o parlamentar é alinhado ideologicamente ao bolsonarismo e afirmou que a homenagem a Trump se justifica pela “defesa dos valores conservadores” que, segundo ele, “também protege a sociedade brasiliense”.
“Donald Trump representa uma força política que combate o politicamente correto, defende a família e os valores tradicionais. É uma referência para muitos brasilienses que compartilham dessa visão de mundo”, declarou o deputado.
Proposta controversa
A proposta já começou a gerar reação entre parlamentares da oposição e especialistas em relações internacionais, que destacam a falta de relação direta entre Trump e a capital brasileira.
Além disso, o histórico do ex-presidente norte-americano inclui políticas externas agressivas, como a guerra tarifária que afetou diretamente aliados históricos dos EUA, entre eles o próprio Brasil. Também pesam contra Trump sua retórica polarizadora, ações de deportação em massa e as inúmeras investigações que o envolvem.
Símbolo político
Mais do que uma homenagem, o gesto de Roriz Neto é visto por analistas como um movimento simbólico para reforçar sua identidade política junto à base mais conservadora do Distrito Federal, sobretudo em ano pré-eleitoral.
A concessão de títulos de cidadão honorário é comum no Legislativo local, mas geralmente recai sobre figuras que têm contribuições diretas para a cidade ou o Distrito Federal. No caso de Trump, críticos apontam ausência de vínculo concreto com Brasília.
Próximos passos
Para que a homenagem seja aprovada, o projeto precisa passar pelas comissões da CLDF e pelo plenário da Casa. Mesmo que avance, a proposta promete se tornar mais um capítulo da guerra cultural que tem se intensificado também nas casas legislativas do país.
Enquanto isso, o nome de Donald Trump volta a circular por Brasília — mas não pela diplomacia, e sim por um título que, até aqui, parece mais ideológico do que institucional.