PT intensifica campanha pela desdolarização no Brics com apoio de Lula

Partido usa redes sociais para defender proposta que tem gerado atritos com os EUA: reduzir o uso do dólar nas transações internacionais

Partido dos Trabalhadores (PT) reforçou neste domingo (13.jul.2025) a defesa da desdolarização nas transações comerciais do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A iniciativa, encampada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido um dos principais pontos de tensão entre o Brasil e os Estados Unidos.

A publicação nas redes sociais do partido traz a frase “Desdolarizai-vos! #OBrasiléSoberano”, sobre a imagem do vira-lata caramelo, símbolo afetivo e popular nas redes. A legenda completa:

“Um novo tempo exige coragem para mudar. E o Brasil está pronto para liderar esse caminho.”

A ação remonta à declaração de Lula no encerramento da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro em 7 de julho, quando o presidente defendeu novamente a ideia de uma alternativa ao dólar:

“O mundo precisa encontrar um jeito de que nossas relações comerciais não precisem passar pelo dólar… obviamente, temos que ser responsáveis e fazer isso com cuidado.”

Lula também criticou o monopólio simbólico da moeda americana:

“Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão. Em que fórum foi determinado?”

O petista destacou que a transição deve ser gradual, com envolvimento dos Bancos Centrais dos países do Brics, e afirmou que a mudança “não tem volta”.

Pressão dos EUA

As falas de Lula contrastam diretamente com a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a adotar um discurso hostil contra o bloco. Em janeiro e fevereiro de 2025, ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre os países do Brics caso uma moeda comum fosse criada.

Na última terça-feira (8.jul.2025), Trump reafirmou a ofensiva, anunciando tarifas de 10% ao bloco. Segundo ele, o Brics estaria tentando “destruir o dólar”:

“Só estou dizendo que, se as pessoas quiserem contestar [o dólar], podem, mas terão que pagar um preço alto.”

Trump também declarou que o dólar é “rei” e que pretende “mantê-lo assim”, minimizando o Brics como uma “ameaça séria”.

Resistências internas e apoio russo

Apesar da força da campanha brasileira, a proposta enfrenta resistência dentro do próprio Brics, especialmente por parte da Índia. Por outro lado, Rússia e Dilma Rousseff, atual presidente do NDB (Banco do Brics), endossam o projeto. Dilma teve seu mandato renovado em julho, com apoio direto do presidente russo Vladimir Putin.

O chanceler russo Sergei Lavrov destacou que a proposta foi originalmente lançada por Lula, durante a cúpula do Brics em Joanesburgo (2023), e que o tema será prioridade da presidência brasileira do bloco em 2025:

“Foi o presidente Lula da Silva que iniciou o debate sobre sistemas de pagamento alternativos.”

A aposta do Planalto é transformar o Brasil em protagonista de uma nova arquitetura financeira global, reduzindo a dependência do dólar e consolidando maior soberania nas relações comerciais do Sul Global.