Ainda assim, país subiu para a oitava colocação entre os que mais recebem o documento de residência permanente nos EUA; na década, alta é de 10,5%
A quantidade de brasileiros que obtiveram o status de residente permanente legal nos Estados Unidos – o famoso green card – caiu pela primeira vez em seis anos em razão da pandemia, que impactou as atividades das autoridades imigratórias do país.
Segundo dados levantados pelo escritório de advocacia AG Immigration junto ao Departamento de Segurança Interna americano (DHS, na sigla em inglês), foram concedidos 16.746 green cards a cidadãos do Brasil no ano fiscal de 2020 – uma queda de 15,5% em relação às 19.825 emissões do ano anterior e máxima da série histórica. Ainda assim, trata-se do terceiro maior patamar da história.
“A pandemia realmente impactou de maneira sem precedentes os trabalhados da imigração americana. Milhões de casos ficaram acumulados e seguem pendentes. No entanto, acredito que as emissões de green card voltarão a subir, não somente em razão do arrefecimento da pandemia, como pela postura mais amigável do governo Biden em relação aos imigrantes. Diferentemente da administração anterior, tem havido agora uma política de facilitação da entrada de estrangeiros no país”, afirma o advogado de imigração e sócio-fundador da AG Immigration, Felipe Alexandre.
Embora prevista para setembro de 2021, só agora, em fevereiro deste ano, é que o Escritório de Estatísticas do DHS iniciou a liberação dos dados referentes a 2020. Isso porque o Congresso americano aprovou no final do ano passado – em meio a uma disputa política para evitar a paralisação da administração pública (shutdown) –, um projeto de lei para estender o financiamento da máquina federal. Porém, o dinheiro alocado não foi suficiente para que o DHS pudesse seguir com a disponibilização dos números a tempo e conforme as previsões legais.
O ano fiscal americano começa sempre em 1º de outubro de um ano e termina em 30 de setembro do ano seguinte. A expectativa é de que os dados de 2021 sejam publicados em setembro próximo.
Brasil: o oitavo país com mais green cards
Em 2020, os green cards para brasileiros representaram 2,3% de todas as 707.362 emissões realizadas pelo governo americano. No entanto, se em 2019 o Brasil era o 11º que mais recebia o documento, no ano seguinte subiu para a oitava colocação, atrás apenas de El Salvador, Filipinas, Vietnã, República Dominicana, China, Índia e México, que ocupou o topo do ranking, com 100 mil green cards recebidos.
Globalmente, vale ressaltar, a queda na emissão de green cards foi de 31,4%, a maior desde 2003 e a quarta seguida. Em outras palavras, o Brasil tem conseguido manter-se acima da média mundial nos últimos anos.
Considerando toda a década (2011-2020), mesmo diante de uma pandemia como a de Covid-19, os green cards para brasileiros chegaram a 136.856 – 10,5% a mais do que os dez anos anteriores e 162% superior do que a década de 1990, reforçando o movimento de fuga de cérebros brasileiros para os EUA.
Categorias mais populares
Da totalidade de green cards concedidos a brasileiros em 2020, metade (50,4%) foi para parentes imediatos – pais, cônjuges e filhos – de cidadãos americanos (natos ou brasileiros naturalizados).
Outros 44,3% foram para as categorias dos vistos de trabalho EB, que permitem que determinados estrangeiros possam se tornar residentes permanentes dos Estados Unidos com base em fatores como carreira, formação acadêmica, reconhecimento internacional, especialização ou investimento.
“Os vistos EB têm ficado cada vez mais populares, uma vez que há uma escassez muito grande de mão de obra nos Estados Unidos, o que abre oportunidades para trabalhadores estrangeiros, especialmente os brasileiros. O câmbio entre o dólar e o real atualmente torna os empregos americanos extremamente atrativos”, analisa o CEO da AG Immigration, Rodrigo Costa, especialista no mercado de trabalho americano.
O restante dos green cards foi dado em razão da relação de parentesco com quem já é residente permanente (mas ainda não é cidadão), para refugiados e asilados ou por programas específicos de vistos.
Flórida: estado com mais green cards brasileiros
De acordo com o levantamento da AG Immigration, 25,2% dos green cards concedidos a brasileiros foram para pessoas que residiam no estado americano da Flórida – um total de 4.234. Depois, aparece Massachussetts, com 1.872 aprovações (11,1%), seguido pela Califórnia, com 1.824 (10,8%).
O estado que recebeu menos residentes permanentes do Brasil no ano fiscal de 2020 foi Maine, com apenas sete (0,04%).
Embora todo o processo de solicitação e aprovação do green card possa ser feito do Brasil, o documento físico é enviado, necessariamente, para um endereço nos Estados Unidos.
Países que mais receberam green cards – 2020 (Ano Fiscal)
1. México – 100.325
2. Índia – 46.363
3. China – 41.483
4. República Dominicana – 30.005
5. Vietnã – 29.995
6. Filipinas – 25.491
7. El Salvador – 17.907
8. Brasil – 16.746
9. Cuba – 16.367
10. Coreia do Sul – 16.244
Emissão de green cards a brasileiros – Por Décadas
Década de 1991-2000: 52.213
Década de 2001-2010: 123.788 (+137%)
Década de 2011-2020: 136.856 (+10,5%)
Sobre a AG Immigration
A AG Immigration é um dos principais escritórios de advocacia imigratória dos Estados Unidos, auxiliando brasileiros e cidadãos do mundo todo no processo de obtenção de vistos americanos, como EB-1, EB-2, EB-3 e o green card. É fundada pelo consultor de negócios Rodrigo Costa e pelo advogado de imigração brasileiro/americano Felipe Alexandre, que figura há 5 anos como um dos 10 melhores advogados de imigração do Estado de Nova York, prêmio concedido pelo “American Institute of Legal Counsel”. Considerado, em 2021, um dos 10 principais advogados da Califórnia, em votação da revista jurídica “Attorney & Practice Magazine”, e reconhecido pela “Super Lawyers (Thomas Reuters)” como referência no campo das leis imigratórias dos EUA.