Espetáculo noturno causou alvoroço e especulações, mas origem foi confirmada: um foguete da SpaceX lançado há mais de uma década.
Brasília, 15 de maio de 2025 – O céu do Distrito Federal foi palco de um espetáculo digno de ficção científica na noite da última quarta-feira (14). Uma “bola de fogo” cortou o firmamento em alta velocidade, deixando rastros luminosos e perguntas no ar. Para muitos, tratava-se de um meteoro. Para outros, talvez algo mais exótico. Mas a ciência veio com sua lanterna e explicou: era lixo espacial.
A explicação veio da Bramon — Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros —, que analisou vídeos, cruzou dados orbitais e identificou o fenômeno. O objeto incandescente, na verdade, era parte de um foguete Falcon 9, da empresa americana SpaceX, lançado no longínquo 5 de agosto de 2014.
Uma visita tardia do passado espacial
Segundo a Bramon, o que os moradores do DF presenciaram foi a reentrada atmosférica do segundo estágio desse foguete, usado na missão que colocou em órbita o satélite AsiaSat 8, responsável por fornecer comunicações para a Ásia e o Pacífico. Após o lançamento, essa parte da nave permaneceu vagando no espaço, esquecida em sua órbita silenciosa — até agora.
O objeto foi identificado como Norad 40108, uma das milhares de peças que hoje compõem o chamado “lixo espacial”: restos de satélites, fragmentos de foguetes e objetos não-funcionais que orbitam a Terra como relíquias de nossa era espacial.
Com o passar do tempo, a gravidade terrestre foi puxando o estágio de volta. E, ao reencontrar a atmosfera, o atrito provocou o brilho intenso que encantou e assustou em igual medida os céus do Planalto Central.
O céu como espelho de nossas ações
Fenômenos como esse são cada vez mais comuns. Estima-se que haja mais de 30 mil objetos maiores que 10 cm vagando acima de nossas cabeças — todos rastreados por sistemas internacionais como o NORAD, dos EUA. A maioria desses detritos queima completamente ao reentrar. Outros, raramente, atingem o solo.
Mais do que curiosidade astronômica, esse episódio reforça um alerta: o espaço também acumula resíduos da humanidade. E, como todo lixo, eventualmente volta — de forma brilhante, mas também simbólica.
O céu nos devolveu, por instantes, um pedaço da história espacial. Não foi um meteoro, nem um presságio. Foi apenas um lembrete: até no infinito, deixamos rastros.