Aos 30 anos, a ex-programadora se torna a mulher mais jovem a alcançar a fortuna bilionária por mérito próprio — não com fama, mas com dados, algoritmos e um apetite voraz por ruptura
Em um mundo cada vez mais dominado por algoritmos, Lucy Guo personifica a nova elite bilionária do Vale do Silício. Sem sobrenome dinástico, sem hits nos charts e longe dos holofotes da cultura pop, a fundadora da Scale AI e da Passes conquistou o que apenas uma elite restrita consegue: o status de bilionária self-made antes dos 30 — deixando para trás nomes como Taylor Swift no ranking das mais jovens fortunas femininas do mundo.
Mas enquanto Swift ergueu seu império sobre melodias e microfones, Guo construiu o seu sobre dados brutos, rotulagem de imagens e o poder invisível da inteligência artificial.
👩🏻💻 De imigrante promissora a “anti-pop star” do Vale
Filha de imigrantes chineses e criada na efervescente região da Baía de São Francisco, Lucy aprendeu a programar antes mesmo de entender política. Passou pela Carnegie Mellon, mas largou a faculdade ao ser aceita no Thiel Fellowship, o controverso programa que paga jovens brilhantes para abandonar a universidade e empreender.
Em 2016, aos 22 anos, Guo cofundou a Scale AI — startup que faria o trabalho sujo da inteligência artificial: contratar mão de obra para rotular dados, estruturar bases e treinar modelos. Um negócio árido, operacional, quase invisível — mas absolutamente necessário.
Hoje, a Scale abastece nomes como OpenAI (criadora do ChatGPT) e o Departamento de Defesa dos EUA, operando desde o treinamento de linguagem até a análise de imagens de satélite em zonas de guerra.
💼 O império construído nos bastidores
Apesar de deixar a Scale em 2018 após divergências com o cofundador Alexandr Wang, Guo manteve 5% da empresa. Com a avaliação atual chegando a US$ 25 bilhões, sua fatia equivale a US$ 1,25 bilhão — o suficiente para colocá-la na lista da Forbes ao lado de celebridades, sem precisar de um único show esgotado.
Mas ela não parou por aí. Fundou a Backend Capital, fundo voltado a engenheiros e startups promissoras. Um de seus primeiros aportes foi na Ramp, fintech avaliada em US$ 13 bilhões.
Depois, criou a Passes, uma plataforma que mistura monetização direta e entretenimento digital — uma espécie de OnlyFans com roupagem mais tech, que já atraiu mais de US$ 66 milhões em investimentos. Recentemente, no entanto, a empresa enfrentou um processo judicial envolvendo alegações de material impróprio, o que reacendeu debates sobre os limites da monetização digital.
📊 Nova geração de bilionárias: mais códigos, menos capas de revista
O que a história de Lucy Guo revela não é apenas um novo tipo de bilionária — mas uma mutação nos caminhos que levam ao topo. Se antes os holofotes eram reservados às herdeiras e estrelas do pop, agora há espaço para mentes que operam nos bastidores, moldando o futuro com linhas de código.
“Ela é o retrato de um poder silencioso: sem marketing pessoal, sem carisma midiático. Só dados, decisões certeiras e timing perfeito”, resume um investidor do Vale.
⚠️ Controvérsias à parte, o Vale consagra quem entrega
Lucy Guo é uma figura controversa — sem dúvida. Já enfrentou críticas por postagens provocativas, posicionamentos antifeministas e, mais recentemente, pelo processo contra a Passes. Mas no Vale do Silício, a régua moral nem sempre é a mais importante. O que conta, antes de tudo, é o quanto você constrói, entrega e perturba a ordem vigente.
E nesse jogo, Lucy Guo não só jogou bem — ela redesenhou o tabuleiro.