Nova representação cartográfica marca protagonismo do Brasil à frente do Brics, Mercosul e COP30
Por Clara Lopes
Brasília, 14 de Maio – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou nesta semana uma nova versão oficial do mapa-múndi, com uma proposta visual ousada: o Sul no topo e o Norte voltado para baixo. A inversão, longe de ser um erro, é um movimento simbólico que reposiciona o olhar geopolítico tradicional e reafirma o papel emergente do Sul Global no cenário internacional.
O lançamento ocorre em um momento estratégico para o Brasil, que preside o Brics e o Mercosul em 2025 e será anfitrião da COP30, em Belém (PA). A nova representação coloca novamente o país no centro do mapa, destacando sua atuação global em debates sobre clima, desenvolvimento sustentável e governança internacional.
A diretora de Geociências do IBGE, Maria do Carmo Dias Bueno, explicou que a mudança é intencional e carrega um debate mais profundo. “Foi proposital. Afinal de contas, o apontamento dos pontos cardeais é uma convenção cartográfica e não se constitui em erro técnico. Há um viés sutil na forma como tradicionalmente interpretamos o mundo com o Norte no topo”, afirmou.
Segundo ela, a convenção norte-sul carrega implicações simbólicas e sociais. “Quando o Norte está para cima, muitas pessoas associam essa posição a riqueza e superioridade, enquanto atribuem ao Sul — na parte inferior — imagens de pobreza e subvalorização”, destacou.
O novo mapa do IBGE também ressalta:
- Os países membros do Brics e do Mercosul
- As nações de língua portuguesa e da região amazônica
- O Rio de Janeiro como capital do Brics
- Belém como sede da COP30
- Fortaleza (CE) como palco do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, que acontece em junho.
A iniciativa busca estimular um reposicionamento simbólico e estratégico do Sul Global, rompendo com a visão eurocêntrica dominante na cartografia mundial.
Para especialistas, a nova proposta do IBGE tem o potencial de provocar debates acadêmicos, políticos e sociais ao redor do mundo. “Não se trata apenas de um novo mapa, mas de uma nova forma de olhar para o mundo”, avalia Maria do Carmo.
A imagem — que já está disponível no site do IBGE — tem sido elogiada por educadores, diplomatas e representantes de organizações internacionais, e deve ser adotada em materiais didáticos, exposições e fóruns de debate ao longo do ano.