EUA inicia retirada imediata de militares trans após aval da Suprema Corte

Cerca de mil soldados abertamente transgêneros começam a ser desligados das Forças Armadas, em cumprimento à diretriz da administração Trump

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciou, nesta quinta-feira (9/5), o processo de desligamento de aproximadamente 1.000 militares transgêneros que atuam de forma aberta nas Forças Armadas. A medida segue decisão da Suprema Corte dos EUA, que autorizou o governo de Donald Trump a proibir a permanência de pessoas trans no serviço militar ativo.

Segundo informações obtidas pela CNN Internacional, o Pentágono deverá ainda rever prontuários médicos de militares diagnosticados com disforia de gênero — especialmente os que ainda não se declararam oficialmente —, dando um prazo de 30 dias para desligamento voluntário. Após esse período, medidas compulsórias poderão ser adotadas.

A decisão gera forte repercussão política e social, sobretudo por afetar diretamente uma comunidade que, apesar dos avanços recentes, ainda enfrenta intensos desafios de representatividade e direitos civis.

Diretriz reativada por Trump

A retirada dos militares segue a ordem executiva assinada pelo ex-presidente Donald Trump em 27 de janeiro, que havia sido suspensa por decisões judiciais. A recente decisão da Suprema Corte — revertendo a suspensão — reacende o debate sobre os limites da política militar e os direitos das minorias no serviço público federal.

Pete Hegseth, atual secretário de Defesa dos EUA, confirmou publicamente a ação. “Implementaremos a ordem do presidente. Ela foi desafiada nos tribunais, mas nós recorremos e, dois dias depois, a Suprema Corte nos autorizou a implementar a exclusão de pessoas trans do exército”, disse, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Números preocupantes

Até dezembro de 2024, o Departamento de Defesa contabilizava pelo menos 4.240 militares com diagnóstico de disforia de gênero em diferentes ramos das Forças Armadas — incluindo o serviço ativo, a Guarda Nacional e a reserva. Destes, cerca de 1.000 servem de forma aberta como pessoas trans e, portanto, são os primeiros impactados diretamente pela nova diretriz.

Organizações de direitos civis e associações de veteranos LGBTQIA+ condenaram a medida e prometeram recorrer judicialmente. Para grupos como a Human Rights Campaign, trata-se de uma “violação flagrante da dignidade e dos direitos constitucionais de cidadãos que servem seu país com coragem”.

Um retrocesso em meio a avanços

A medida marca um giro conservador em relação à política adotada durante o governo de Barack Obama, quando foi permitido pela primeira vez que pessoas trans servissem abertamente nas Forças Armadas dos EUA. Durante o início do mandato de Joe Biden, a proibição chegou a ser suspensa, mas a volta de Trump à Casa Branca reacendeu o veto, agora respaldado judicialmente.

Analistas destacam que essa exclusão pode agravar a escassez de efetivo militar em determinadas áreas estratégicas, além de aprofundar a crise de confiança entre os militares LGBTQIA+ e a liderança política do país.