Millennium Eventos, alvo da PF e da CGU, mantém contrato ativo com a Câmara Legislativa até 2028
Brasília, Brasil — Em meio à investigação federal que abala os bastidores do uso de emendas parlamentares no Distrito Federal, a Câmara Legislativa (CLDF) aparece como cliente direta de uma das empresas no centro do escândalo: a Millennium Eventos, alvo da Operação Korban, recebeu R$ 3,5 milhões da CLDF nos últimos três anos.
A empresa, de propriedade do empresário Alejandro Parrilla, foi contratada para organizar o evento Câmara Mais Perto de Você, cuidando desde o planejamento logístico até a montagem de estandes. O contrato, iniciado em 2023, pode ser prorrogado até 2028.
Os pagamentos foram progressivos: R$ 1,8 milhão em 2023, R$ 1 milhão em 2024 e, até julho de 2025, já somam R$ 572,6 mil.
Um elo direto com a Associação Moriá
A Millennium é uma das empresas listadas nas investigações que apuram o destino de R$ 53 milhões em emendas parlamentares destinados à Associação Moriá, entidade sob suspeita de ser operada por laranjas. Auditores da CGU apontam possível fraude em licitações, contratos direcionados e uso de empresas de fachada para desviar recursos públicos.
Segundo a investigação, a Millennium recebeu quase R$ 1 milhão da Moriá, enquanto outra empresa ligada ao mesmo núcleo, a LG Promoções e Eventos — administrada por uma ex-companheira de Parrilla — firmou contratos de R$ 4,2 milhões com a ONG.
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União identificaram conluio entre empresas, falsos endereços e irregularidades graves na execução de projetos voltados a jovens gamers, como aulas de Free Fire e League of Legends. Até o momento, R$ 8 milhões foram efetivamente pagos à Moriá. Após denúncias, repasses foram suspensos.
Da fachada ao centro do poder
A investigação descobriu que a sede formal da ONG era, na verdade, um imóvel de um parente de Parrilla — o que levantou suspeitas sobre a estrutura da entidade. A Moriá operava, de fato, no Millennium Convention Center, espaço ligado ao empresário e instalado dentro da Ascade (Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados).
Além de Parrilla, sua ex-companheira Ludmila Cardoso Jardim Gomes também foi alvo de mandados de busca, bloqueio de bens e quebra de sigilos autorizados pelo ministro do STF Flávio Dino. A liderança formal da ONG inclui um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista — todos tidos como operadores de fachada.
Resposta da CLDF
Procurada, a Câmara Legislativa do DF afirmou, por meio de nota, que o contrato com a Millennium Eventos foi firmado via licitação, com objetivo de realizar eventos institucionais:
“Entre os diversos serviços prestados estão montagem de infraestrutura, apoio logístico, fornecimento de bens, tais como mobiliário, e mão de obra, todos destinados a eventos institucionais”, informou o órgão.
A apuração segue em curso, com desdobramentos esperados tanto no campo judicial quanto político, especialmente diante do envolvimento de parlamentares locais e o uso de verba pública destinada a projetos sociais.
Com informações do Portal Metrópoles.