Cosméticos na Mira: Anvisa desmascara operação irregular no coração do DF

Na superfície, promessas de beleza e rejuvenescimento. Nos bastidores, um rastro de irregularidades que agora vem à tona. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em conjunto com a Vigilância Sanitária do Distrito Federal, deflagrou na última terça-feira (1º/7) uma operação que escancarou a fragilidade e a negligência de parte do setor de estética e cosméticos da capital do país.

Em mais uma fase da Operação Estética com Segurança, clínicas de estética, farmácias de manipulação e distribuidoras de produtos médicos e cosméticos foram alvo de vistorias criteriosas. O saldo, até o momento, é contundente: quatro empresas com irregularidades confirmadas e 340 produtos cosméticos apreendidos, todos com registro cancelado pela própria Anvisa.

A operação não nasceu do acaso. As empresas foram escolhidas a dedo, com base em denúncias e indícios materiais recolhidos durante a primeira etapa da operação, realizada em fevereiro deste ano. A lupa das autoridades agora foca nos bastidores do setor, onde muitas vezes, entre um rótulo promissor e outro, escondem-se práticas ilegais que colocam a saúde dos consumidores em risco.

Das quatro distribuidoras inspecionadas no DF, duas sequer apresentaram responsáveis legais em seus endereços fiscais — funcionavam apenas em espaços de coworking, uma fachada que levanta suspeitas sobre a real atividade dessas empresas. Intimadas, terão que provar à vigilância sanitária se operam como meros pontos de venda ou se há algo além do que consta no papel.

A terceira empresa, embora possua Autorização de Funcionamento para importar e distribuir produtos, não executa nenhuma dessas funções na prática. Uma contradição que levou os fiscais a interditarem cautelarmente centenas de produtos que estavam, na teoria, regularizados — mas que, na prática, já haviam perdido o aval da Anvisa.

A operação segue. E o recado das autoridades é claro: a busca por lucro fácil às custas da saúde alheia não passará impune. O consumidor merece — e exige — segurança, transparência e responsabilidade. E a estética, que tanto prega o belo, precisa começar pela ética.