Referência global da publicidade defende uso estratégico de tecnologia para potencializar ideias em vez de substituí-las
Na era da inteligência artificial, a criatividade não perdeu espaço — ela ganhou ainda mais importância. É o que defende Sir Martin Sorrell, um dos maiores nomes da publicidade mundial, ao analisar o impacto das novas tecnologias sobre o setor.
Com mais de cinco décadas de experiência na indústria, Sorrell acompanhou de perto a transição de uma publicidade movida pela intuição — como nos tempos retratados na série Mad Men — para uma era onde dados, algoritmos e personalização ditam o ritmo das campanhas.
“Os clientes não aceitam mais ideias sem justificativa. Eles querem dados. Querem saber por que determinada abordagem funciona”, afirma o empresário em uma das aulas do streaming de conhecimentolançado pela Folha no ano passado.
Longe de enxergar os dados como inimigos da criatividade, Sorrell acredita que eles são aliados indispensáveis. Na visão dele, é a partir da análise do comportamento dos consumidores que surgem os insights mais poderosos e eficazes.
“É muito claro para mim que os dados ampliam, melhoram e direcionam a criatividade. Eles não a destroem. Eles não a prejudicam”, afirma.
Romantismo publicitário vs. realidade analítica
Apesar de sua convicção, Sorrell reconhece que nem todos compartilham dessa perspectiva. Segundo ele, ainda há quem se apegue a um ideal mais romântico da propaganda — aquele em que o talento criativo, sozinho, seria suficiente para encantar o público.
“Bem, essa é uma percepção romântica da indústria”, resume. “Mas o mundo mudou.”
Hoje, com consumidores sendo impactados diariamente por milhares de estímulos visuais e mensagens personalizadas, a criatividade precisa ser mais estratégica do que nunca. É nesse cenário que a inteligência artificial entra como aliada — não para substituir o trabalho humano, mas para potencializar as ideias certas para as pessoas certas, no momento certo.