BRB contrata escritório Machado Meyer e Kroll para investigar negócios com Banco Master

Investigação independente apura supostas fraudes de R$ 12 bilhões em carteiras de crédito; Justiça e Banco Central acompanham o caso

Em resposta às denúncias da Operação Compliance Zero, o Banco de Brasília (BRB) contratou o escritório de advocacia Machado Meyer Advogados para conduzir uma investigação independente sobre os negócios realizados com o Banco Master. A apuração será assistida pela Kroll Associates Brasil, empresa especializada em auditoria forense e investigações corporativas.

O anúncio foi feito em fato relevante divulgado ao mercado nesta terça-feira (2/12). O BRB informou que o escritório prestará contas exclusivamente a um comitê independente, instaurado em 28 de novembro de 2025, formado por membros sem vínculo com a gestão do banco no período investigado.

“Queremos total transparência. Por isso, o BRB contratou uma das melhores auditorias do país”, afirmou o governador Ibaneis Rocha (MDB), após a divulgação do comunicado oficial.


Operação Compliance Zero: o que está sendo investigado

A investigação gira em torno de uma suposta fraude de R$ 12 bilhões na compra de carteiras de crédito do Banco Master pelo BRB. Segundo apuração da Polícia Federal, apesar de o BRB alegar um processo criterioso para essas aquisições — com análises técnicas, aprovações colegiadas e registro na B3 —, os mecanismos falharam em identificar irregularidades estruturais.

Entre os principais problemas apontados estão:

  • Créditos insubsistentes (sem lastro real);
  • Sobreposição de CPFs em contratos;
  • Originação feita por empresa recém-criada, a Tirreno, sem histórico ou documentação;
  • Ausência de comprovação formal dos contratos de crédito adquiridos.

A PF revelou ainda que o BRB aceitou a restituição de R$ 6,7 bilhões diretamente da Tirreno, sem exigir devolução imediata, mesmo com os valores ainda disponíveis em conta vinculada. O pagamento foi acordado para ocorrer entre junho e dezembro de 2025.


Afastamentos e nova presidência no BRB

10ª Vara Federal de Brasília determinou o afastamento do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e do diretor financeiro Dario Oswaldo Garcia Júnior, como medida cautelar no curso das investigações. Na sequência, o governador Ibaneis Rocha nomeou Nelson Souza, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, como novo presidente da instituição.

A Justiça Federal também mandou prender o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros executivos da instituição, que permaneceram 12 dias presos antes de serem soltos por decisão do TRF-1 — atualmente contestada pelo Ministério Público Federal (MPF).

Além disso, o Banco Central foi autorizado pela Justiça a realizar uma auditoria minuciosa nas operações do BRB, embora o órgão tenha informado que a instituição não enfrenta risco de liquidez.


A contratação do Machado Meyer e da Kroll marca o início de uma nova fase de apuração interna, e é vista como uma tentativa de reconstruir a credibilidade do BRB junto ao mercado e à sociedade, diante de um dos maiores escândalos financeiros da história recente do Distrito Federal.