Brasília, Brasil — Em uma manhã ensolarada no coração da capital federal, o governador Ibaneis Rocha subiu ao púlpito com uma promessa: devolver ao cidadão o tempo que a espera em um ponto de ônibus lhe rouba. Na terça-feira, o governo do Distrito Federal lançou o “DF no Ponto”, um aplicativo gratuito que oferece aos usuários informações em tempo real sobre horários, itinerários e localização dos ônibus que cruzam o DF diariamente.
Trata-se de mais do que tecnologia. É uma tentativa de devolver previsibilidade ao cotidiano de milhares de trabalhadores, estudantes e mães que, até agora, dependem do instinto ou da sorte para saber quando o próximo ônibus irá chegar.
Disponível para Android e iOS, o aplicativo oferece uma interface simples, mas promissora: mapas interativos, rastreamento em tempo real dos coletivos e a possibilidade de consultar, com precisão inédita, os horários de passagem por cada ponto. A gestão da plataforma está a cargo da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), que convida a população a usar a ferramenta e colaborar com sugestões para aprimorá-la.
“Queremos que o usuário não apenas acompanhe o ônibus, mas também participe da transformação do transporte público do DF”, afirmou o secretário da pasta, citando a importância do feedback cidadão.
Uma frota que cresce junto com a cidade
A cerimônia de lançamento teve outro anúncio de peso: a chegada de 444 novos ônibus da Viação Pioneira, destinados a reforçar o transporte em regiões de alta demanda como Itapoã, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Gama — áreas onde mais de 350 mil passageiros transitam diariamente.
O reforço na frota marca uma reviravolta no histórico recente do transporte público do DF: até então, apenas 70 ônibus da empresa circulavam nas ruas. Com a nova remessa, 114 veículos serão destinados à ampliação das viagens, e os demais substituirão gradualmente a frota antiga.
Para os moradores do Paranoá, por exemplo, isso significa menos superlotação nas primeiras horas do dia e mais dignidade no trajeto até o trabalho. Um gesto simples — a chegada de um ônibus no horário previsto — pode se tornar uma pequena revolução.
O futuro sob os pilares da Rodoviária do Plano
A transformação no transporte público não para nos ônibus. Ibaneis também comentou os planos do Consórcio da Catedral, vencedor da concessão da Rodoviária do Plano Piloto, cuja gestão foi privatizada em junho deste ano. O terminal — por onde transitam diariamente cerca de 700 mil pessoas — está prestes a ser reimaginado como um hub de integração, conforto e serviços.
“A rodoviária deixará de ser apenas um ponto de passagem. Queremos que ela se torne um espaço de acolhimento urbano, com restaurantes, lanchonetes e até academia para quem sai do expediente dos ministérios ou do comércio”, disse o governador.
A concessão terá validade de 20 anos, tempo suficiente para que o coração do sistema de transporte da capital ganhe nova vida — não apenas na arquitetura, mas na experiência do cidadão comum.
Mobilidade como política de dignidade
O lançamento do DF no Ponto e o anúncio da nova frota revelam mais do que investimentos em infraestrutura: são indícios de uma política pública centrada no usuário, no tempo e na qualidade de vida.
Num país onde o transporte público é, muitas vezes, sinônimo de precariedade, Brasília dá um passo tímido, mas necessário, rumo a um sistema mais humano, inteligente e funcional.
Se o aplicativo cumprirá sua promessa? O tempo — esse mesmo tempo que antes era perdido na calçada — dirá.
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