Brasil desperta interesse de gigantes chinesas

A ABREN, o WtERT e o escritório FCR Law organizaram neste mês a missão internacional “Brasil–China Energia do Futuro”, que consolidou um marco histórico para a cooperação bilateral no setor de energia limpa e gestão de resíduos

Brasília (DF), 17 de setembro de 2025 – A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), em parceria com o Waste-to-Energy Research and Technology Council (WtERT) e o escritório FCR Law, organizou neste mês, entre 5 e 13 de setembro, a missão internacional “Brasil–China Energia do Futuro”. A iniciativa, que consistiu na viagem de uma delegação brasileira para o país asiático, consolidou um marco histórico para a cooperação bilateral no setor de energia limpa e gestão de resíduos. 

Durante a missão, empresários brasileiros visitaram alguns dos principais grupos chineses do setor de energia de resíduos, responsáveis pelo desenvolvimento de mais de 1 mil usinas de recuperação energética de resíduos, também chamadas de waste-to-energy (WtE). As reuniões e encontros realizados no período revelaram o amplo interesse das empresas chinesas em investir nesse segmento no Brasil, país que, segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), tem potencial para gerar 994 MW até 2040 somente em WtE, o que possibilitaria atender 27 milhões de domicílios com energia elétrica limpa e renovável a partir do lixo urbano, com perspectiva de atrair R$ 54,6 bilhões em investimentos. 

Empresas Visitadas 

Ao todo, a missão visitou cinco das maiores empresas chinesas que atuam no segmento de waste-to-energy. Uma das empresas visitadas é a SUS Environment, líder global no setor, com mais de 300 usinas construídas e portfólio de 90 projetos em andamento. A companhia possui ativos de 4,2 bilhões de dólares e emprega cerca de 3.000 pessoas. A empresa irá fornecer os equipamentos para a primeira URE do Brasil, que está sendo construída em Barueri (SP) e deve entrar em operação a partir de 2027. A usina terá 20 MW de potência e capacidade de tratar até 825 toneladas/dia.  

Outra gigante do setor que fez parte da missão é a China Everbright, maior operadora mundial de usinas WtE, com 200 plantas próprias e capacidade para tratar 160 mil toneladas/dia. Em 2024, a companhia registrou faturamento de 3,9 bilhões de dólares, além de contar com mais de 18 mil empregados. 

A JONO Environmental, terceira empresa visitada, possui sede em Suzhou, com base industrial de 100 mil metros quadrados, e tem como especialidade a triagem automatizada e a reciclagem. A companhia processa atualmente 100 mil toneladas de resíduos por dia. 

Outra empresa visitada, a CNTY – China Tianying, está presente também na Europa e América Latina, e registrou faturamento de 780 milhões de dólares em 2024, com lucro líquido superior a 40 milhões de dólares. A companhia opera 50 usinas WtE, com capacidade para tratar 80 mil toneladas/dia. 

A quinta e última visita foi feita à CUC Group (China United Engineering Corporation). A companhia projetou cerca de 200 usinas WtE, incluindo a moderna Jiufeng WtE, em Hangzhou, com capacidade de tratamento superior a 1,3 milhão de toneladas por ano. 

Projetos no Brasil e aprendizados da China 

A delegação que visitou as UREs chinesas pôde conhecer, na prática, o funcionamento dessas usinas e os benefícios socioambientais que estas promovem. Enquanto a China possui mais de 1 mil usinas em operação, o Brasil constrói sua primeira URE, em Barueri (SP), e conta também com alguns projetos em andamento, conforme lista abaixo: 

  • Barueri (SP): uma usina, com capacidade de tratar 825 t/dia, e 20 MW. Status: em construção, previsão de operação para 2027. 
  • São Paulo (SP): duas usinas com capacidade de 1.000 t/dia, com 30 MW cada. Status: previsão de operação em 2029-2030, com possibilidade de expansão para mais duas usinas 1.000 t/dia até 2034.  
  • Seropédica (RJ): uma usina, com capacidade de 1.200 t/dia e 30 MW. Status: licença ambiental prévia obtida. 
  • Brasília (DF): uma usina, com capacidade de 2.400 t/dia e 50 MW. Status: licitação prevista para 2026. 
  • Campinas e Consimares (SP): uma usina, com capacidade de 2.000 t/dia e 60 MW. Status: licitação prevista para 2026. 
  • Goiânia (GO) e Águas Lindas (GO): duas usinas, com capacidade de 2.500 t/dia e 1.300 t/dia. Status: em fase de estruturação pelo BNDES. 
  • Mauá (SP): uma usina, com capacidade de 3.000 t/dia e 80 MW. Status: com licença prévia já emitida. 

    O setor estima R$ 181 bilhões em investimentos no modelo Project Finance, com contratos de longo prazo, garantias de compra de energia e receitas adicionais por créditos de carbono. 

    Segundo Yuri Schmitke, presidente executivo da ABREN e Sócio da FCR Law, “a missão Brasil–China foi um sucesso e contribuiu para fortalecer a posição do Brasil como destino estratégico para tecnologias de recuperação energética de resíduos”. De acordo com Schmitke, o interesse demonstrado pelos grupos chineses em instalar fábricas e investir no país abre caminho para a “descarbonização, a modernização da matriz energética e a geração de empregos qualificados no país”. 

    Com um potencial total estimado em 3,3 GW, o Brasil tem na recuperação energética de resíduos a possibilidade de transformar seu passivo ambiental em um ativo estratégico, alinhando-se às metas climáticas globais e consolidando-se como protagonista da transição energética sustentável. 

    A delegação brasileira foi composta por Yuri Schmitke, presidente executivo da ABREN e Sócio da FCR Law; Marcelo Coimbra, sócio da FCR Law; Pedro Martins Zuffo, advogado da FCR Law; Luiz Celso Pera, CEO da SERVIT Consultoria; Paulo Villares Musetti, consultor da SERVIT; Francisco Olivati, diretor de Novos Negócios da Interunion; Carlos Alberto Nunes Bezerra, diretor de Desenvolvimento de Projetos do Grupo Solvi; e Cássio Pereira Vieira, superintendente da Superintendência de Energia da Subsecretaria de Energia, Telecomunicações e Cidades Inteligentes do estado de Goiás. 

Sobre a ABREN:                                                                                                                 

A Associação Brasileira de Energia de Resíduos (ABREN) é uma entidade nacional, sem fins lucrativos, que tem como missão promover a interlocução entre a iniciativa privada e as instituições públicas, nas esferas nacional e internacional, e em todos os níveis governamentais. A ABREN representa empresas, consultores e fabricantes de equipamentos de recuperação energética, reciclagem e logística reversa de resíduos sólidos, com o objetivo de promover estudos, pesquisas, eventos e buscar por soluções legais e regulatórias para o desenvolvimento de uma indústria sustentável e integrada de tratamento de resíduos sólidos no Brasil.  

A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (Global WtERT), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade de Nova York, Estados Unidos, tendo por objetivo promover as melhores práticas de gestão de resíduos por meio da recuperação energética e da reciclagem. O Presidente Executivo da ABREN, Yuri Schmitke, é o atual Vice-Presidente LATAM do Global WtERT e Presidente do WtERT – Brasil. Conheça mais detalhes sobre a ABREN acessando o siteLinkedinFacebookInstagram e YouTube da associação.