Arruda levaria 2 mil anos para pagar dívida de R$ 594 milhões ao erário

Ex-governador do DF foi condenado em cinco ações por corrupção e celebra nova interpretação da Lei da Ficha Limpa para voltar à política

O ex-governador José Roberto Arruda (PL), que já anunciou sua intenção de retornar à política nas eleições de 2026, acumula cinco condenações em segunda instância por improbidade administrativa. Juntas, as penas somam R$ 594,9 milhões em multas e reparações ao erário. Se recebesse o salário atual de um governador, Arruda levaria 2.001 anos para quitar a dívida.

As condenações são fruto da Operação Caixa de Pandora, deflagrada em 2009, que revelou um esquema milionário de corrupção envolvendo o então governador, o vice, deputados distritais e empresários do Distrito Federal.

Em apenas um dos processos, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou a reparação de R$ 419,2 milhões, além de multa civil de R$ 139,7 milhões. Os valores referem-se a desvios de recursos públicos em um contrato emergencial com a empresa Linknet Tecnologia e Telecomunicações.

Apesar das cifras bilionárias, Arruda comemorou nesta semana a atualização da Lei da Ficha Limpa, que agora impõe limite de 12 anos para condenações por improbidade. Segundo ele, como suas condenações não transitaram em julgado e são anteriores a 2013, o prazo máximo já teria expirado, o que abriria caminho para sua elegibilidade em 2026.

No entanto, o retorno de Arruda à arena política ainda depende do Supremo Tribunal Federal (STF). A ministra Cármen Lúcia é relatora da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pela Rede Sustentabilidade, que pede a suspensão integral das alterações feitas pelo Congresso na Lei da Ficha Limpa.

A disputa judicial promete se arrastar nos próximos meses — e pode decidir não apenas o futuro político de Arruda, mas também o alcance da impunidade em casos de corrupção envolvendo altos escalões do poder.