Banca foi instalada em área estratégica da capital, próxima a tribunais superiores e ao Banco Central, no mesmo dia em que Viviane Barci de Moraes foi sancionada pelos EUA com base na Lei Magnitssky
A advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (Alexandre de Moraes), abriu um novo escritório de advocacia em Brasília em setembro deste ano, no mesmo dia em que foi sancionada pelo governo dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky. A informação sobre a criação da nova empresa foi revelada pelo jornal O Globo.
O escritório, batizado de Barci e Barci Sociedade de Advogados, está localizado no Setor de Autarquias Sul, uma das áreas mais estratégicas da capital federal. O endereço garante fácil acesso a órgãos centrais do sistema de Justiça e da administração pública, como o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), o Superior Tribunal Militar (STM), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Banco Central.
A nova banca fica a cerca de 600 metros do TRF-1, 300 metros do STM e 850 metros do INSS. Em linha reta, está a aproximadamente dois quilômetros do STF — corte na qual Viviane atuou em 31 processos — e a distância semelhante da sede do Banco Central, em outra direção.
Escritório discreto em prédio frequentado por advogados
O imóvel funciona em um edifício comercial tradicionalmente ocupado por advogados e consultores. Até o momento, não há placa ou identificação externa do novo escritório. Salas no mesmo prédio, com cerca de 45 m², são anunciadas por valores entre R$ 4 mil e R$ 5 mil mensais, com apelos comerciais que destacam a localização como o “epicentro das decisões” em Brasília.
Na sala em frente, funciona o escritório do criminalista Antônio Moraes Pitombo, advogado conhecido nacionalmente, o que reforça o perfil jurídico do endereço.
Estrutura empresarial da família Moraes
O Barci e Barci Sociedade de Advogados é uma das três empresas ligadas à família Moraes. Viviane também é sócia do Barci de Moraes Sociedade de Advogados, escritório que tem como integrantes o próprio Alexandre de Moraes, a filha Giuliana Barci de Moraes e o filho do casal, Alexandre Barci de Moraes, que atua como advogado da banca.
Outra empresa do grupo familiar é o Lex Instituto de Estudos Jurídicos, entidade que também foi alvo de sanções do governo norte-americano, junto com Viviane, em medida anunciada durante a gestão de Donald Trump. As sanções foram interpretadas como retaliação à atuação do ministro Alexandre de Moraes no julgamento que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Primeira Turma do STF.
Caso Banco Master amplia questionamentos
Os negócios da família passaram a ser observados com maior atenção após o caso envolvendo o Banco Master, instituição financeira que tem o escritório liderado por Viviane como representante legal junto ao Judiciário, ao Congresso Nacional e à Receita Federal.
Segundo revelações de O Globo, o escritório firmou um contrato com o banco, controlado pelo empresário Daniel Vorcaro, que prevê pagamentos de R$ 3,6 milhões por mês entre 2024 e 2027. Caso fosse executado integralmente, o acordo poderia render cerca de R$ 129 milhões até o início de 2027.
Nesta semana, o senador Alessandro Vieira anunciou que pretende colher assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de apurar o contrato e também as informações divulgadas pela colunista Malu Gaspar, que apontam supostos contatos do ministro Alexandre de Moraes com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em favor do Banco Master.
A abertura do novo escritório, a localização estratégica e os contratos milionários colocam os negócios da família Moraes no centro do debate político e institucional em Brasília, em um momento de crescente tensão entre Judiciário, Congresso e atores do sistema financeiro.