CGU aponta que sindicato omitiu informação sobre irmão de Lula ao INSS

Documento indica que o Sindnapi declarou falsamente estar em conformidade com a lei ao omitir a participação de José Ferreira da Silva, irmão do presidente Lula

Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) prestou uma declaração falsa ao INSS ao omitir a presença de José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu quadro de diretores.

A denúncia consta em documento oficial enviado à CPMI do INSS e motivou buscas e apreensões nesta quinta-feira (9/10), durante nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes e irregularidades em convênios entre sindicatos e o Instituto Nacional do Seguro Social.

Irmão de Lula ocupava cargo de direção no sindicato

Segundo a CGU, o Sindnapi, ao firmar um acordo com o INSS, deveria ter declarado que não possuía em sua diretoria pessoas ligadas a agentes públicos. A exigência está prevista na Lei nº 13.019/2014, que proíbe parcerias com organizações da sociedade civil que tenham como dirigentes agentes políticos, membros do Ministério Público ou parentes até segundo grau.

Na ocasião, o Sindnapi omitiu o fato de que José Ferreira da Silva exercia o cargo de Diretor Nacional de Representação dos Aposentados Anistiados. Atualmente, ele ocupa o posto de vice-presidente da entidade.

CGU considera a declaração como falsa e abre processo

declaração de conformidade com a lei, apresentada pelo sindicato ao INSS, foi considerada pela CGU como falsa, justamente pela omissão da presença do irmão do presidente da República. O documento foi um dos elementos determinantes para a abertura de um processo de responsabilização contra o Sindnapi.

O presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza Filho, foi convocado para prestar depoimento à CPMI do INSS ainda nesta quinta-feira (9/10).

Lei proíbe parentes de políticos em cargos dirigentes de entidades conveniadas

Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, estabelece que organizações da sociedade civil não podem firmar parcerias com o poder público caso tenham, entre seus dirigentes:

  • Agente político de Poder ou do Ministério Público;
  • Dirigente de órgão ou entidade da administração pública de qualquer esfera;
  • Cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o segundo grau dessas autoridades.

A apuração faz parte de um esforço mais amplo da Operação Sem Desconto, que investiga um suposto esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, com o envolvimento de entidades sindicais e servidores públicos.