Morte de influenciador após procedimento estético reacende alerta

Morte do influenciador de moda Júnior Dutra, ocorrida no último dia 3, após complicações de um procedimento estético conhecido como Fox Eyes, trouxe à tona um debate urgente sobre a banalização da estética e os riscos associados à realização de técnicas invasivas sem acompanhamento de especialistas qualificados.

O Fox Eyes, popularizado por celebridades e redes sociais, consiste no uso de fios de PDO (polidioxanona) para levantar a região dos olhos e sobrancelhas, promovendo um olhar mais alongado. Apesar da aparência simples, a técnica envolve riscos significativos quando não realizada por médicos experientes e com infraestrutura adequada.

A banalização da estética e o risco invisível

O cirurgião plástico Dr. Hugo Sabath, referência na área e sócio da Clínica Líbria, explica que a busca por resultados rápidos tem levado muitos pacientes a se submeterem a procedimentos sem considerar os riscos.

 “O caso do Júnior Dutra é uma tragédia que ilustra um problema crescente: a estética passou a ser tratada como moda de rede social, quando, na verdade, envolve saúde e exige responsabilidade. A região dos olhos é extremamente delicada, repleta de nervos e vasos sanguíneos importantes. Um erro técnico pode gerar complicações graves como necrose, cegueira parcial, infecções e, em situações extremas, risco de morte”, alerta o médico.

Segundo ele, o crescimento da procura por procedimentos minimamente invasivos trouxe benefícios, mas também estimulou a sensação de falsa segurança.

 “Não existe procedimento sem risco. O que existe é técnica bem indicada e bem executada, realizada por profissionais que dominam a anatomia e a prática médica. Quando isso não acontece, o perigo é real.”

O Dr. Sabath reforça que a responsabilidade na escolha do profissional é o primeiro passo para evitar complicações. Ele destaca pontos fundamentais:

– Formação médica: apenas médicos podem realizar procedimentos invasivos. Pergunte sempre qual é a formação do profissional.

– Registro em órgãos oficiais: verifique se possui número ativo no CRM (Conselho Regional de Medicina) e, no caso de cirurgias plásticas, se é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

– Ambiente seguro: os procedimentos devem ocorrer em clínicas estruturadas ou hospitais com suporte para emergências, nunca em locais improvisados.

– Explicação dos riscos: profissionais sérios deixam claro o que pode dar errado e não vendem resultados milagrosos.

– Histórico do profissional: pesquisar processos éticos, recomendações de pacientes e trabalhos já realizados é um passo essencial.

– Custo compatível: preços muito abaixo do mercado podem indicar materiais de baixa qualidade ou ausência de infraestrutura adequada.

O peso da influência digital

O caso de Júnior Dutra também levanta reflexões sobre o impacto das redes sociais. A estética digitalizada, com filtros e padrões irreais de beleza, tem estimulado jovens e adultos a buscarem transformações cada vez mais cedo e de maneira impulsiva.

“As redes sociais criaram uma cultura da comparação imediata e do resultado rápido. Muitos chegam ao consultório pedindo exatamente o que viram em uma celebridade ou influenciador, sem entender se aquele procedimento é adequado para o seu rosto, para sua saúde ou para sua realidade clínica”, explica Dr. Sabath.

Ele alerta que a decisão por qualquer intervenção estética deve ser baseada em avaliação médica individualizada, e não em tendências:

“O que funciona para uma pessoa pode não ser indicado para outra. Procedimentos precisam respeitar as características anatômicas e o histórico de saúde de cada paciente.”

Conclusão: estética com segurança

A morte de Júnior Dutra não pode ser vista como um caso isolado, mas como um chamado à conscientização sobre a importância da segurança em estética.

“Buscar profissionais qualificados não é apenas uma questão de vaidade, mas de saúde e preservação da vida. A estética pode, sim, elevar a autoestima, mas só deve ser feita dentro de parâmetros seguros, lembre-se cadeira de dentista não é centro cirúrgico. A primeira escolha que todo paciente precisa fazer é a do profissional certo, porque essa decisão pode literalmente salvar vidas”, finaliza o Dr. Hugo Sabath.