Stephen Miller, o ideólogo da linha-dura migratória de Trump

Aos 39 anos, assessor ultraconservador ganhou mais poder no 2º mandato e impulsiona metas como 3 mil prisões por dia e ordens executivas contra imigração

Se há um cérebro por trás da política de imigração mais radical de Donald Trump, ele se chama Stephen Miller.Aos 39 anos, o republicano ultraconservador ascendeu de redator de discursos a vice-diretor de políticas e assessor de segurança nacional, tornando-se peça-chave na Casa Branca.

Arquitetura da linha-dura. Miller é apontado como autor de medidas do 1º mandato, como a separação de famílias de imigrantes irregulares e o veto a países de maioria muçulmana. No 2º mandato, ganhou poderes ampliados e lidera a redação de ordens executivas que incluem eliminar a cidadania por nascimento e declarar emergência na fronteira sul.

Metas e operações. Em entrevista à Fox News, Miller cravou o objetivo de “3 mil prisões de imigrantes por dia” — mais de 1 milhão por ano — e ordenou ao ICE intensificar as batidas, diante do ritmo de deportações abaixo do ano anterior. “Simplesmente saiam e prendam os ilegais”, disse, segundo o Wall Street Journal. Uma ação no estacionamento de uma loja de ferragens em Los Angeles deflagrou protestos (8/6) e levou à mobilização de Guarda Nacional e fuzileiros.

Ideologia e discurso. Miller é descrito como um dos ideólogos mais radicais sobre imigração no alto escalão. Em 8/6, escreveu que a disputa é para “salvar a civilização”. Ao assumir o 2º mandato, Trump delegou a ele a execução de uma agenda para “acabar com o fluxo” e deportar quem já está no país, “usando todo o poder das forças federais”.

Trajetória. Nascido em 1985 (Santa Mônica, Califórnia), de família judia, Miller se projetou ainda adolescente com textos nacionalistas e exigências como inglês obrigatório em sala de aula para latinos. Na Duke University (2007), ganhou visibilidade ao defender atletas de lacrosse falsamente acusados. Teve contato com figuras controversas, como Richard Spencer (relação negada por Miller). No Congresso, tornou-se braço de Jeff Sessionsbarrando em 2013 a reforma migratória bipartidária. Em 2016, entrou na campanha de Trump e passou a moldar o tom nacionalista e anti-imigração — inclusive o discurso de posse de 2017.

Operador de bastidores. Reportagens descrevem Miller como estrategista que atua em sigilo, evitando resistências internas e convertendo ideias extremas em políticas concretas. No 2º mandato, dividiu a cena com o “czar da fronteira” Tom Homancentralizando decisões e acelerando decretos.

Em resumo: Stephen Miller consolidou-se como o arquiteto da política migratória de choque, combinando agenda maximalistapoder institucional e narrativa de guerra cultural para sustentar a ofensiva contra a imigração irregular.