EUA ampliam presença na América Latina para combater cartéis classificados como terroristas; Venezuela reage com ameaças e mobilização militar
Os Estados Unidos intensificaram sua presença militar na América Latina em uma nova fase da guerra contra o narcotráfico. Nesta semana, três navios de guerra americanos devem chegar às águas próximas da Venezuela, como parte de uma operação que mobiliza mais de 4 mil fuzileiros e marinheiros.
A operação, segundo autoridades ouvidas pela Reuters, tem como alvo cartéis de drogas considerados organizações terroristas internacionais, como o Tren de Aragua, da Venezuela, e o Cartel de Sinaloa, do México.
A ação ganhou força após o presidente Donald Trump assinar uma diretriz sigilosa autorizando o uso do Pentágono no combate direto aos cartéis. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi incisiva:
“O regime de Maduro não é o governo legítimo da Venezuela — é um cartel narcoterrorista. Trump está preparado para usar toda a força americana contra essas ameaças.”
Maduro sob cerco: EUA dobram recompensa por sua captura
A ofensiva mira diretamente o líder venezuelano. A recompensa pela captura de Nicolás Maduro subiu de US$25 milhões para US$50 milhões, o maior valor já oferecido pelo governo americano.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, Maduro lidera o chamado Cartel de los Soles, uma organização que une narcotráfico, milícias e poder estatal. Washington vê essa estrutura como uma ameaça direta à segurança continental. Maduro, por sua vez, nega qualquer envolvimento.
Venezuela reage com milicianos e suspensão de drones
A resposta de Caracas foi imediata. Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos armados e declarou um plano nacional de defesa. Além disso, suspendeu por 30 dias o uso de aeronaves pilotadas e não pilotadas, incluindo drones, alegando questões de segurança.
“Nenhum império tocará no solo sagrado da Venezuela. Defenderemos nossos mares, nossos céus e nossas terras”, disse o ditador em rede nacional.
América Latina dividida: reações no México, Colômbia e Brasil
A operação dos EUA repercutiu entre os vizinhos latino-americanos. No México, a presidente Claudia Sheinbaum foi clara: militares americanos não entrarão no país.
Na Colômbia, o presidente Gustavo Petro alertou que uma eventual invasão à Venezuela pode transformar a região em “uma nova Síria”.
Já no Brasil, o governo mantém posição ambígua. O presidente Lula evita chamar Maduro de ditador, enquanto o Exército reforça sua presença na fronteira norte. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, demonstrou preocupação com a aproximação militar dos EUA.
Outro ponto de divergência: o governo brasileiro não classifica facções como PCC e Comando Vermelho como grupos terroristas, diferentemente de Washington.
Segundo o professor Adriano Gianturco, do IBMEC:
“No Brasil, o cenário não comporta uma intervenção militar, mas a diplomacia pode endurecer com a ampliação da inteligência e pressão institucional.”
Uma nova guerra fria sob o pretexto do narcotráfico?
Com navios na costa da Venezuela, recompensas bilionárias e acusações de narcoterrorismo, a América Latina parece voltar a um clima de Guerra Fria, agora travada sob a bandeira do combate ao narcotráfico.
A pergunta que paira no ar: essa ofensiva marca o início de uma nova guerra regional ou é apenas um jogo geopolítico com final imprevisível?