Iraci Nagoshi, condenada pelos atos de 8 de Janeiro, descumpria medidas para praticar atividades como pilates e hidroginástica sem autorização do STF.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva de Iraci Nagoshi, de 71 anos, após a idosa violar 949 vezes as condições de sua prisão domiciliar. Iraci foi condenada por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
De acordo com dados da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (Seape-SP), Iraci descumpria reiteradamente as regras impostas pela Corte, com justificativas que incluíam a prática de musculação, hidroginástica e pilates, todas realizadas sem qualquer comunicação ou autorização judicial.
Além das saídas não autorizadas, os registros apontam problemas como ausência de sinal de GPS e bateria descarregada da tornozeleira eletrônica. Moraes destacou em sua decisão que a ré agiu por conta própria, ignorando alertas anteriores da Corte.
“Essas circunstâncias por si só evidenciam o desprezo da reeducanda pela pena imposta e pelo próprio sistema jurídico”, escreveu o ministro, ao determinar a prisão.
Iraci, ex-professora de português, foi presa no próprio Palácio do Planalto, no dia dos ataques, e posteriormente condenada a 14 anos de prisão. Em ocasiões anteriores — outubro de 2024 e janeiro de 2025 —, Moraes havia aceitado justificativas da defesa, mas reforçou que nenhuma alteração na rotina da pena poderia ocorrer sem autorização formal do STF.
A defesa da ré não foi localizada até o momento da publicação.
Outro caso semelhante
Moraes também revogou a prisão domiciliar de Vildete Ferreira da Silva Guardia, outra condenada pelos atos de 8 de Janeiro. A Central de Monitoramento Eletrônico de São Paulo relatou diversas violações semelhantes: bateria esgotada da tornozeleira, perda de sinal e saídas fora da área autorizada.
As decisões indicam o endurecimento da postura do STF contra o descumprimento das medidas impostas aos réus dos atos antidemocráticos, mesmo quando se trata de pessoas em idade avançada.