Jornalista do The Washington Post vive atendimento de emergência no Brasil e relata eficiência e gratuidade do sistema público de saúde
Um episódio comum nos corredores dos hospitais públicos brasileiros tornou-se extraordinário aos olhos estrangeiros. Terrence McCoy, jornalista do The Washington Post, relatou em uma matéria publicada no último domingo a experiência inusitada — e reveladora — que viveu ao ser atendido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.
A cena começou com um acidente banal: ao fechar o porta-malas do carro durante uma viagem de volta ao Rio, McCoy sofreu um corte profundo na cabeça. Sangue, dor e urgência. Uma ambulância foi chamada, e ele foi levado ao Hospital Municipal Hugo Miranda.
Lá, recebeu atendimento médico completo: pontos, exames de imagem — incluindo tomografia e raio-X —, além de medicação. Tudo com uma rapidez que o surpreendeu. E o mais impressionante: sem que lhe fosse pedido documento, número de identidade ou qualquer informação sobre sua capacidade de pagamento.
“Minha admissão inesperada em um hospital público brasileiro serviu como uma espécie de aprendizado sobre um sistema fundamentalmente diferente”, escreveu o jornalista. Em contraste com o cenário de seu país natal, onde a assistência médica é motivo constante de debate e onde milhões vivem sem cobertura de saúde, McCoy se deparou com um modelo universal que, mesmo com falhas conhecidas, ofereceu cuidado digno e gratuito a um estrangeiro em apuros.
O relato não é apenas um elogio isolado, mas uma provocação sutil: o que o Brasil tem — e muitas vezes desvaloriza — é, aos olhos do mundo, um exemplo raro de acesso universal à saúde. E em tempos em que políticas públicas são questionadas e direitos básicos corroídos, histórias como essa lançam luz sobre a importância de proteger o que já é patrimônio do povo.
Porque, às vezes, é preciso que alguém de fora nos mostre o valor daquilo que temos em casa.