Aos 18 anos, brasileiro enfrenta ex-top 20 por mais de três horas, deixa a quadra de cabeça erguida e o coração da torcida cheio de orgulho
Londres, 4 de julho. O céu nublado de Wimbledon assistiu, nesta sexta-feira, a um duelo entre gerações. De um lado, o chileno Nicolás Jarry, 29 anos, 2,01m, dono de um saque devastador e ex-número 16 do mundo. Do outro, João Fonseca, 18, um brasileiro de alma atrevida e raquete quente, que tem feito do tênis uma promessa de renovação nacional.
A partida, uma batalha de 3 horas e 8 minutos, foi encerrada com a vitória de Jarry por 3 sets a 1, com parciais de 6/3, 6/4, 3/6 e 7/6 (4). Mas se o placar mostrou a frieza dos números, a quadra revelou muito mais: coragem, talento e a chegada definitiva de Fonseca ao radar do tênis mundial.
O chileno impôs seu jogo com 25 aces e apenas uma quebra sofrida, resistindo mesmo quando Fonseca crescia nas devoluções e vibrava com cada ponto arrancado na marra. No quarto set, o jovem carioca levou o jogo ao tie-break, mas viu Jarry selar a vitória com a solidez de quem já conhece o caminho.
Mesmo com a eliminação, João sai maior do que entrou. Tornou-se o mais jovem tenista a alcançar a terceira fase de Wimbledon em 14 anos e igualou a melhor campanha brasileira no torneio desde 2010, quando Thomaz Bellucci fez o mesmo trajeto.
Com o desempenho, deve enfim romper a barreira simbólica do top 50 no ranking da ATP — um feito precoce, mas merecido. O futuro, agora, se projeta nas quadras rápidas dos Estados Unidos, onde o ATP 500 de Washington, a partir do dia 21, deve ser seu próximo palco.
João Fonseca deixou Wimbledon com a dignidade dos grandes e o brilho daqueles que ainda têm muitos capítulos por escrever. E se a grama de Londres foi o fim de um episódio, foi também o anúncio de que um novo protagonista acaba de se apresentar ao mundo.