A recente operação de aquisição de 58% do capital do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB), anunciada no fim de março, ainda aguarda o crivo de órgãos reguladores como o Banco Central (BC) e o Cade, mas já levanta discussões no mercado. Para o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, a compra não representa uma estatização, mas sim uma estratégia de expansão e modernização do conglomerado.
“O BRB continua como uma empresa maior, líder do conglomerado e com independência na condução dos seus outros negócios. O Banco Master será uma espécie de subsidiária, um braço privado para ampliar nossa capacidade de competir”, destacou o executivo.
🔍 Nova configuração: expansão, tecnologia e sinergia
A operação, estimada em R$ 2 bilhões, transforma o Master em um “banco de atacado” dentro da estrutura do BRB, operando sob a mesma marca. O objetivo, segundo Costa, é fortalecer o grupo com novos segmentos de atuação, sinergia operacional e tecnologia de ponta, sem alterar o caráter público do BRB.
“O Master traz know-how, clientes e estrutura para setores onde o BRB ainda não atua com força total. Agora, será um braço que amplia nossa presença nacional, com agilidade e capilaridade no mercado”, afirmou.
📈 Do banco local à estratégia nacional
Com sede no Distrito Federal, o BRB vem se posicionando de forma mais agressiva no mercado financeiro nos últimos anos, expandindo para além das fronteiras da capital. Para Costa, continuar pequeno e regional seria arriscado num setor altamente competitivo.
“Num mercado tão disputado, não há mais espaço para um banco pequeno, limitado ao DF. Diversificar negócios e atender diferentes perfis de clientes é questão de sobrevivência.”
🧠 Mudança de comando e fim dos CDBs de 140% do CDI
Com a consolidação da compra, o atual CEO do Banco Master, Daniel Vorcaro, deixará o comando executivo do dia a dia e passará a integrar o conselho de administração da subsidiária. O papel dele será estratégico, voltado ao direcionamento do novo modelo de negócios.
Uma das mudanças imediatas será o fim das ofertas de CDBs com rendimento de 140% do CDI, uma prática que chamava atenção no mercado, mas que, segundo Costa, não é sustentável na nova configuração da instituição.
🌐 Wilbank: o braço digital do novo conglomerado
Outro ativo relevante adquirido indiretamente é o Wilbank, banco digital com quase 4 milhões de clientes, boa parte captada por meio da parceria com o Clube de Regatas do Flamengo. A ideia é transformar o Wilbank no braço digitaldo novo grupo BRB, com foco em tecnologia, experiência do usuário e inovação.
“O Wilbank tem valor estratégico. É fintech na essência e complementa o nosso ecossistema com agilidade digital e proximidade com novos públicos.”
⚖️ FGC, riscos e o futuro da regulação
Paulo Henrique Costa também abordou as discussões em torno do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Enquanto grandes bancos pressionam por regras mais rígidas para a adesão de instituições menores, o presidente do BRB defende revisões com cautela, respeitando o tempo de adaptação do mercado.
“O aperfeiçoamento das regras regulatórias é sempre bem-vindo, mas precisa ser feito com parcimônia. Não podemos sufocar a concorrência nem comprometer a inovação no setor bancário.”
💡 O que está em jogo?
A operação BRB–Master não é apenas um movimento de aquisição: é um reposicionamento estratégico que reforça o papel do BRB como protagonista no sistema financeiro nacional, buscando equilíbrio entre controle público, agilidade privada e inovação tecnológica.
Se aprovada, a fusão pode se tornar um divisor de águas no modelo de banco público no Brasil, servindo de referência para outras instituições que buscam crescer sem abrir mão de sua essência.