PCC se irrita e ameaça motoqueiros “caça-noia”

Atitude de moradores do Jardim Tremembé que agrediram usuários de drogas irritou traficantes do bairro, que prometem punição aos “caça-noia”

Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) estão incomodados e prometem punição aos moradores do Jardim Tremembé, na zona norte da capital, que espancaram dependentes químicos na semana passada, em uma tentativa de dispersar a “minicracolândia” que surgiu no bairro.

Em conversa testemunhada pela reportagem, um integrante da facção disse que quem for visto agredindo os novos “clientes” do tráfico teria que arcar com as consequências. “Não vai morrer, mas vai apanhar, levar um cacete”, disse. “Nós só queremos ganhar dinheiro.” Segundo ele, alguns dos agressores teriam sido identificados e levados para o tribunal do crime.

Há cerca de 10 dias, usuários de drogas passaram a habitar as ruas do bairro. A chegada deles não foi esclarecida. Moradores afirmam que eles teriam sido trazidos por uma van. A Prefeitura de São Paulo diz investigar essa hipótese e não compactuar com a conduta.

Outros residentes dizem que a migração teria ocorrido após a interrupção na venda de drogas K em bairros da zona leste. A hipótese também não foi confirmada.

Para tentar expulsar os novos “vizinhos”, moradores do Jardim Tremembé se organizaram por meio do WhatsApp com o objetivo de agredir os dependentes químicos, no que ficou conhecido como “caça-noia”.

“Bondao 23h na porta do [Supermercado] Ourinhos para pegar os noia da leste que veio pra quebrada! Agita! Os motoca vão acabar com isso”, dizia um mensagem compartilhada em grupos do bairro.

No início da semana, eles percorreram as ruas da região, de moto ou a pé, agredindo os dependentes químicos que encontravam pelo caminho com socos, chutes e pauladas. A ação foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais.

“Pega! Pega noia! Os noia tá correndo mais do que moto (sic)”, diz um homem que filma as agressões, enquanto dirige a sua moto. “Pode vir tropa, tá pegando todo mundo aqui para exemplo. Os polícia tá deixando bater (sic)”, afirma outro.