Vapes invadem o DF por rotas do tráfico de drogas e armas, revela Receita Federal

Apesar da proibição expressa da venda, importação e publicidade dos cigarros eletrônicos no Brasil, o Distrito Federal enfrenta uma verdadeira epidemia silenciosa: os vapes, ou pods, estão por toda parte — abastecidos por rotas ilegais usadas pelo tráfico de drogas e armas. Segundo dados da Receita Federal, apenas em 2024, mais de 2,8 milhões de unidades foram apreendidas no DF, número que já ultrapassa 748 mil apenas nos primeiros meses de 2025.

A circulação desenfreada dos cigarros eletrônicos no DF contrasta com a legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe terminantemente o comércio e a importação desses produtos. Na prática, a norma virou letra morta.

Rota do tráfico: vapes seguem o mesmo caminho de drogas e armas

Jônio Silveira, auditor-fiscal e chefe substituto da Divisão de Vigilância e Repressão ao Contrabando e Descaminho da 1ª Região Fiscal da Receita Federal, afirma que os vapes entram no país pelas mesmas rotas do crime organizado. “A principal porta de entrada é a fronteira com o Paraguai, mas também recebemos cargas ilegais por portos no Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e até pela rota do Suriname”, explica.

Além disso, há uma logística de distribuição que envolve redes paralelas de transporte e armazenamento, capazes de espalhar os produtos rapidamente pelos centros urbanos — inclusive no coração político do Brasil.

Comércio à luz do dia

A reportagem percorreu duas feiras populares do DF e constatou: os vapes são vendidos abertamente, sem qualquer disfarce. Em pelo menos uma dezena de lojas visitadas, os dispositivos estavam expostos em bancadas, vitrines e prateleiras. Havia variedade de sabores, cores, tamanhos e marcas, como se fosse um produto legalizado.

Essa normalização do comércio ilegal de vapes coloca em xeque a eficácia da fiscalização e levanta dúvidas sobre o alcance das operações já deflagradas pela Receita.

Impacto em saúde pública e segurança

Mais do que um problema legal, o avanço dos vapes ilegais representa um risco grave à saúde pública. Pesquisas médicas apontam para os efeitos nocivos do uso prolongado desses dispositivos, especialmente entre adolescentes, grupo que mais consome o produto. Além disso, o financiamento desse mercado alimenta o crime organizado e mina os esforços de combate ao contrabando.

Especialistas pedem que, diante do crescimento incontrolável da circulação de vapes, o governo federal adote uma estratégia mais contundente — seja endurecendo a fiscalização, seja promovendo um debate mais amplo sobre regulação, tributação e educação sanitária.

Números que acendem o alerta

  • 📌 2.856.225 vapes apreendidos no DF em 2024
  • 📌 748.517 apreendidos só nos primeiros meses de 2025
  • 📌 Média de 7.825 apreensões por dia
  • 📌 Produto chega por rotas do tráfico de drogas e armas

Enquanto isso, o vape segue nas mãos de milhares de consumidores, circulando impunemente pelas ruas da capital federal — uma fumaça invisível que escapa pelas brechas do sistema.