Síndrome de down: 79% dos casos, no DF, foram diagnosticados após nascimento

Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) mostra ainda que 45% dos profissionais de saúde afirmam não ter conhecimento suficiente da condição.

Um estudo inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) – antiga Codeplan – , mostra que 79% das pessoas com Síndrome de Down, em Brasília, receberam o diagnóstico depois do nascimento. Uma das causas é a falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre a condição.

Segundo o estudo, 45% dos profissionais de saúde informaram às famílias que não tinham conhecimento suficiente sobre a condição (saiba mais abaixo).

No Brasil, estima-se que a cada 700 pessoas nascidas, uma tenha Síndrome de Down. Segundo a Apae-DF, em Brasília e no Entorno, são cerca de 10 mil pessoas.

A pesquisa do IPEDF foi realizada com 666 famílias que têm alguém com Síndrome de Down. Segundo o estudo, 81,21% das pessoas com a síndrome fazem acompanhamento com oftalmologista e 65% com cardiologista – as duas especialidades médicas mais procuradas.

Para 51% dessas pessoas, a maior dificuldade é ter acesso aos serviços. A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) tem um centro de referência para o atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), mas, segundo a pesquisa, apenas 12% da população com a condição mora no Plano Piloto.

Perfil das pessoas com Síndrome de Down no DF

  • Faixa etária: 77% das pessoas com Síndrome de Down tem até 18 anos
  • Gênero: 49,18% são mulheres cisgênero (pessoa que se identifica com o gênero que nasceu)
  • Raça/Cor: 60,94% são brancas
  • Renda: 37,56% moram em casas com renda mensal de até 2 salários mínimos

Preconceito em restaurante do DF

Com Síndrome de Down, Valentina, de 5 anos, foi vítima de preconceito em um restaurante em Taguatinga, no DF — Foto: Reprodução/TV Globo
Com Síndrome de Down, Valentina, de 5 anos, foi vítima de preconceito em um restaurante em Taguatinga, no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

Duas crianças com síndrome de down foram vítimas de preconceito em um restaurante de Taguatinga, no Distrito Federal neste mês de outubro. No dia 7, Valentina Dantas, de 5 anos, estava na brinquedoteca, com outras crianças, quando os pais foram chamados por uma monitora.

Segundo Flávia Paula Dantas, mãe da menina, a mulher disse que “uma criança ‘desse tipo’ não poderia estar desacompanhada no espaço”. A funcionária disse que os monitores “não tinham treinamento para lidar com Síndrome de Down”.

“Eu me senti arrasada, sem reação nenhuma. Meu esposo teve que ir buscar ela chorando e dizendo que queria voltar a brincar com os amiguinhos”, conta a mãe da menina.

Na véspera do Dia das Crianças, foi a vez de Vicenzo Botelho, de 6 anos, passar pela mesma situação. A mãe dele gravou quando o gerente do mesmo restaurante afirmou porque o menino não poderia entrar na brinquedoteca.

“Nós fomos ao local para encontrar uma diversão para os nossos filhos. Saímos de lá com duas crianças no colo chorando bastante. Por preconceito, por discriminação. Eles olharam o rosto do meu filho, viram a síndrome de Down, e não quiseram saber da criança que tinha por trás daquele rosto”, disse Andreia Botelho.