Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (IPE) mostram que número corresponde a 20,8% das pessoas nessa faixa etária. Maioria da população conhecida como ‘nem-nem’ são negros, mulheres com filhos e de baixa renda.
Quase 150 mil jovens do Distrito Federal, entre 15 e 29 anos, não trabalham e nem estudam. Segundo a pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (3) pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (IPE), o número corresponde a 20,8% das pessoas nessa faixa etária que vivem na capital.
O estudo, “Juventude: perfil sociodemográfico, educação, mercado de trabalho e jovens nem-nem” apresenta análise da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2021, que registrou 725.916 jovens em Brasília. O índice representa 24,1% da população da capital, que tem 3.094.325 habitantes.
De acordo com a pesquisa, são 149.435 jovens que fazem parte da população conhecida como “nem-nem”. O estudo mostra que, do grupo, a maioria são:
- Das classes D e E: 30,9%
- Negros e mulheres, especialmente com filhos: 24,9%
- Classe A: 9%
O levantamento não traz um recorte por gênero, mas afirma que há uma “marcante diferença entre a proporção de homens e mulheres na condição nem-nem”. De acordo com a análise, isso pode ser provocado por “questões culturais, discriminatórias e da divisão de gênero desigual e desfavorável, que atribui a responsabilidade de trabalhos domésticos majoritariamente às mulheres”.
“O principal destaque do estudo são jovens que nem trabalham e nem estudam. Estão fora da rede formal de ensino e não estão estudando de forma fora do ensino, ou seja, não estão fazendo curso preparatório e nem profissionalizante. São jovens que não estão ocupados.”, diz a coordenadora de Estudos e Pesquisas Quantitativas de Políticas Sociais do IPEDF, Acsa Guimarães.
Educação
A pesquisa traz ainda um recorte sobre a situação educacional de jovens entre 15 e 29 anos. Segundo o levantamento, 40% desse grupo frequenta alguma instituição de ensino.
Na análise por renda, o estudo mostra que jovens de famílias com menor remuneração são os que menos vão às escolas ou às faculdades:
- Classes D e E: 62% dos jovens não estudavam
- Classe A: 22% não estudavam
No nível superior, a diferença é ainda maior:
- Classes D e E: 12,6% frequentavam a faculdade
- Classe A: 54,4% frequentavam a faculdade
“O estudo analisou o perfil do Distrito Federal e olhou de forma mais focalizada a questões ligadas à condição socioeconômica e vemos que quanto mais baixa era a condição socioeconômica, piores foram os indicadores”, diz Acsa Guimarães.
Mercado de trabalho
Em relação ao mercado de trabalho, o estudo mostra que 42,7% dos jovens têm alguma ocupação. Do total, 11,7% não trabalham e 45,6% são considerados inativos (desocupados, mas não buscavam ocupação).
A taxa de desemprego entre os jovens, segundo o estudo, é de 21,4%. Os maiores índices foram observado em:
- Brazlândia: 36,2%
- Recanto das Emas: 37,2%
Os menores nas regiões:
- Lago Sul: 5%
- Sudoeste/Octogonal: 1,6%