De acordo com a Revista Oeste, o caso aconteceu durante na escola Avenues, cuja mensalidade é R$ 10 mil.
Um áudio da discussão entre aluno e o professor Messias Basques, da escola Avenues, em São Paulo, cuja mensalidade é R$ 10 mil, começou a repercutir nas redes sociais na manhã desta terça-feira (05).
De acordo com a Revista Oeste, o caso aconteceu durante uma palestra da indígena Sônia Guajajara na escola. Isso porque, depois de ouvir a apresentação da ex-candidata à vice-presidência da República pelo PSOL, em 2018, com críticas ao agronegócio brasileiro e ao Governo Federal, o estudante expôs a sua opinião.
“Eu acho que você se equivocou porque democracia é um modelo de governo, você tirar o que é de alguém não é modelo de governo, me desculpa te falar isso, isso é roubo de propriedade privada e acho que futuramente, talvez, se você concordar você poderia melhorar isso na próxima”, rebateu o aluno.
Depois da fala do aluno, o professor Messias Basques disse que ele sentiria vergonha do que falou no futuro. “Quando você entender o que é ser uma pessoa deste tamanho, você vai se lembrar deste dia com muita vergonha, não interessa de onde você vem”, advertiu.
“Então, a minha recomendação é a seguinte: me respeite, porque sou doutor em Antropologia. Não tenho opinião, sou especialista por Harvard. Eu não tenho opinião, isso é ciência. No dia em que você quiser discutir com a gente, traga seu diploma e sua opinião, fundamentada em ciência. Aí você discute com um especialista em Harvard, com doutor em Antropologia no Museu Nacional e uma mulher que é premiada no Brasil e no mundo não porque tem opinião, é porque tem gabarito, meritocracia que acho que você tanto defende”, afirmou o professor sendo aplaudido por quem estava presente.
Ainda segundo a reportagem, em carta, o aluno manifestou seu descontentamento. “Falar do agronegócio de maneira tão pejorativa, para uma audiência de 300 pessoas, deixou-me extremamente ofendido”, salientou. “Os pais dos meus amigos trabalham no agronegócio, minha família vem da agropecuária”, relatou.
Também de acordo com a Revista Oeste, a postura do professor poderá ser alvo de investigação, visto que o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) penaliza quem “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento”.
Consta também que os pais dos alunos estão exigindo a imediata demissão do professor e uma retratação da Escola Avenues.
Nota de repúdio
O Movimento Escolas Abertas repudiou a atitude de Basques ao aluno. “Tomamos conhecimento de um caso ocorrido em uma escola particular de São Paulo, em que um adolescente, ao tentar expressar suas ideias, foi ridicularizado por um professor”, disse o grupo, em publicação no Instagram.
“Diante desse caso, que sabemos não ser o único, decidimos nos posicionar e reiterar que casos abusivos precisam vir à tona, para que a sociedade civil se posicione e exija que as escolas não sejam usadas como palanques políticos ou ideológicos”, afirmou.