Com imagens inspiradas nas obras do artista Evandro Carlos Jardim, projeção em oito cidades brasileiras pede triplicação do financiamento para adaptação
A pré-COP, em Brasília, começa com uma ação nacional, em oito cidades de todo o Brasil, com um forte apelo aos negociadores dos países que ratificaram o Acordo de Paris: “Tripliquem o financiamento da adaptação”. As projeções acontecem na noite de 13 de outubro – primeiro dia da pré-COP – em Brasília (DF), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife, Alter do Chão/ Santarém (PA) e Patos (PB). A ação Do presente ao futuro com adaptação climática questiona qual será o futuro da vida na Terra, destacando a urgência de ações de adaptação a um clima que já mudou, com frases como:
“Líderes mundiais, a adaptação climática não pode esperar”
“A adaptação é vida, para todos os povos e todas as espécies”
“Adaptação é ação: cidades-esponja, agricultura resiliente, sistemas de alerta precoce”
“Queremos inspirar uma reflexão que vá além da urgência do momento e alcance a forma como planejamos o futuro das cidades, dos territórios e das pessoas. Essa é uma agenda de sobrevivência”, afirma Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, responsável pela ação voltada a sensibilizar os tomadores de decisão e a sociedade civil sobre a necessidade de integrar a adaptação climática à agenda central da COP30, que será sediada em Belém, em novembro.
A intervenção propõe deslocar o olhar dos participantes — negociadores, autoridades e público em geral — para a dimensão humana, política e coletiva da adaptação climática. Afinal, adaptar é técnico, mas também é profundamente político.
Em Brasília, onde acontecem as negociações, a projeção será no Museu Nacional da República. As frases surgirão em diálogo com animações inspiradas nas gravuras do artista Evandro Carlos Jardim, conhecidas por retratar o movimento da natureza e das cidades. A concepção artística é de Gisela Motta e Mariana Lacerda, artistas visuais que escolheram dialogar com a obra de Evandro Carlos Jardim por reconhecerem nela a ideia de transformação, paisagens humanas e não humanas que expressam, em movimento, as transições do nosso tempo,
“Temos uma imagem do Pico do Jaraguá, hoje uma terra indígena em plena metrópole de São Paulo, e nela vemos este relevo por onde se escorre água . À luz do presente, o que esta imagem pode sugerir? Isto é muito intenso e talvez indique como a adaptação é sinônimo de sobrevivência”, diz Mariana Lacerda.
“As imagens nos trazem de forma muito sensível um assunto que já é real. É a política pela poética”, diz a artista plástica Gisela Motta.
A ação também chama a atenção para um documento que será entregue à presidência da COP30 durante a pré-COP em Brasília e pede que os países tripliquem o volume de recursos destinados à adaptação até 2030, garantindo pelo menos US$ 86 bilhões anuais. Assinada pelo Instituto Talanoa (Brasil) e outras organizações do Brasil e outros países latinoamericanos, a carta tem por objetivo evitar o abismo financeiro a partir de 2026, quando expiram os compromissos firmados no Pacto Climático de Glasgow.
Serviço
Projeção Video Mapping: Manifestação poética: Do presente ao futuro com adaptação climática
BRASÍLIA – Museu Nacional da República
13 de outubro de 2025
Das 19h às 22h
Evento gratuito e aberto ao público
Projeções concomitantes em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Alter do Chão/Santarém (PA) e Patos (PB)
Concepção: Equipe Talanoa e Cristiane Fontes com as artistas Gisela Motta e Mariana Lacerda
Gisela Motta desenvolve sua pesquisa artística há mais de 25 anos, em trabalhos individuais e em parceria com a dupla Motta & Lima e o grupo Barreira Y, tendo participado de exposições no Brasil e no exterior, como “Contando Ovelhas Elétricas” (Sesc Santo Amaro, SP) e “Amazonie – Le chaman et la pensée de la fôret” (Museu de Etnografia de Genebra). É codiretora do filme “Xapiri” (2012) e cocriadora da instalação “Yano-a”, exposta permanentemente no Instituto Inhotim.
Mariana Lacerda é diretora dos documentários “Eu sou uma arara” e “Mapear Mundos”, além do longa “Gyuri”, filmado na aldeia Demini com Davi Kopenawa e Claudia Andujar. Seus trabalhos abordam as relações entre arte, política e território. Atualmente, finaliza o longa “Telúrica – a íntima utopia”.