Autoridades como a ministra da Saúde Nísia Trindade, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e a Secretária da informação e Saúde Digital Ana Estela Haddad, além de profissionais e especialistas se reuniram em São Paulo para debater estes e outros temas
Quais são as prioridades na saúde quando se fala de saúde feminina? Temas como oncologia, vacinação e saúde mental são destaques para o Ministério da Saúde? Para a ministra Nísia Trindade, em depoimento gravado em Brasília exclusivamente para a primeira edição do “Saúde da Mulher e Longevidade”, da Orentt Medical realizado em São Paulo na última semana para mais de 300 profissionais de saúde, esta é uma pauta de grande importância já que se deve olhar toda a linha de cuidado que as mulheres precisam em todo seu ciclo de vida.
“Falar de saúde da mulher é falar desde a proteção das meninas até pensar as questões que envolvem o seu envelhecimento”, comenta a ministra da Saúde. No caso da oncologia foi lançada uma estratégia nacional para detecção de câncer de colo de útero, desde o diagnóstico – que, segundo a ministra, precisa ser revisto no Brasil -, e a restituição mamária em todo o SUS. Já a baixa cobertura vacinal é uma das mais graves ameaças à saúde das mulheres. Para a ministra é um retrocesso que o Brasil possa perder as altas coberturas vacinais. “Queremos organizar ações para que a vacinação vá ao encontro da sociedade”, afirma.
No quesito desinformação na oncologia, a respeito dos tratamentos oncológicos, a Ministra explicou como o Ministério da Saúde pretende assegurar que todos os CACONS e UNACONS garantam acesso à melhor tecnologia para pacientes com câncer. Outro ponto de atenção para o Ministério é a vacina contra o HPV, que foi uma das que mais sofreu ataques de desinformação, causando impacto, de acordo com a ministra.
“É uma vacinação que nossas jovens deveriam estar fazendo e tem baixa cobertura. Queremos e teremos esta ação junto às escolas e fará parte do nosso movimento nacional pela vacinação”, comenta. No Brasil, a adesão à vacina de HPV não alcança o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 90% para meninas entre nove e 14 anos.
Políticas públicas – Os desafios enfrentados quando se trata da saúde da mulher e políticas públicas foi destaque do Talks promovido no evento. O ex-ministro da Saúde, dr. Nelson Teich, o infectologista dr. David Uip, discutiram com o dr. Fernando Maluf e a dra. Rosana Richtmann, com a moderação do dr. Táki Cordás, sobre as estratégias adotadas pelo governo para melhor otimizar recursos e garantir equidade entre as diversas doenças e especialidades médicas. Segundo os especialistas, a educação e a comunicação são prioridade, por isso, são necessários dados para não “navegar no escuro”.
Oncologia – A falta de detecção precoce no câncer é outra preocupação para a saúde das mulheres. O câncer de mama, exceto ao de pele, é o que mais acomete mulheres. “A mortalidade de uma mulher com câncer de mama que está dentro do SUS é 40% maior do que uma mulher que está em rede privada com convênio médico”, diz o oncologista do HIAE e do BP Mirante, dr. Fernando Maluf. Todo dia cerca de 15 mulheres morrem de câncer de colo de útero no Brasil. As regiões Norte e Nordeste figuram com as maiores incidências neste tipo de câncer.
Vacinação – Se a mulher não se vacinou até os 14 anos, ainda é possível se vacinar e se proteger dos tipos perigosos de HPV. Para o dr. Fernando Maluf, é preciso uma força tarefa para vacinar meninos e meninas antes da vida sexual, que é como se contagiam pelo HPV. “No Brasil dependendo da região, menos de 30% das crianças são vacinadas. E não tomam a vacina contra o HPV porque não sabem o que é”, avalia.
Segundo a infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, dra. Rosana Richtmann, bebês morrem por causa da falta de imunização da mãe com a vacina da coqueluche a partir de 20 semanas de gestação. “Apenas 47% das mulheres se imunizam com a vacina de coqueluche no Brasil. Esta vacina é segura, evita prematuridade e está disponível na rede pública”, revela.
Direitos Humanos – Uma mesa composta por cinco mulheres, com a moderação de Neila Lopes, Head de Diversidade e Cultura da Sanofi, levantou debate sobre o que é saúde da mulher e longevidade para diversos perfis. O destaque ficou para a participação da Secretária Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Simmy Larrat. O encerramento foi do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que compartilhou suas ideias e suas prioridades nas mais diferentes formas de assistência às causas relacionadas às mulheres.
“A primeira edição do Saúde da Muher e Longevidade chancelou um conteúdo científico único e exclusivo sobre a saúde da mulher, com a participação de alguns dos melhores nomes da medicina do país e autoridades. O tema foi tratado como prioridade e levantamos a importância de falar sobre políticas públicas”, finaliza Valéria Ribeiro, CEO da Orentt Medical, empresa idealizadora do projeto.
Saúde mental e doenças femininas renegadas – Profissionais de diversas especialidades discutiram também a misoginia na medicina, que renega doenças femininas como a depressão pós-parto e o lipedema. Segundo o diretor do Instituto Lipedema Brasil, dr. Fábio Kamamoto, o lipedema, doença que atinge a maioria do público feminino por questões hormonais (desde a puberdade) é subdiagnosticada por ser pouco conhecida – sendo muitas vezes confundida com obesidade – e ganhou CID apenas no ano passado.
Segundo o psiquiatra e coordenador da Assistência Clínica do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, dr. Táki Cordás, 80% das mulheres terão uma doença psiquiátrica futura (quando na infância e adolescência). “Quando nas mulheres adultas: predispõe, precipita ou mantém o distúrbio”.
Outros destaques – “Quando a mulher começa a não se reconhecer mais, ou seja, começa a ter problemas com as ondas de calor, falta de sono e de energia, dores no corpo e tristeza, é também quando aumenta a prevalência de doenças crônicas como obesidade, câncer, ansiedade, depressão etc”, diz o ginecologista coordenador da Obstetrícia do Hospital Maternidade Interlagos, dr. Fabiano Serra.
Quando o assunto é peso, o endocrinologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, dr. Luiz Turatti, revelou que mais da metade dos adultos brasileiros já estão com sobrepeso (57%).
Já as doenças cardiovasculares como infarto e derrame são as que mais matam mulheres no Brasil. Segundo o cardiologista e diretor do grupo de Miocardiopatias Incor HCFMUSP, dr. Fábio Fernandes, é preciso identificar e tratar os fatores de risco convencionais e específicos das doenças cardiovasculares nas mulheres.
Sobre a Orentt Medical
Lançada em 2022 no mercado brasileiro, a Orentt Medical é uma empresa que contribui para a educação médica no país através de projetos inovadores com as óticas inter e multidisciplinar, voltada para médicos e profissionais de saúde. Formada por um board científico qualificado do qual participam alguns dos principais médicos do país em diferentes especialidades, a Orentt Medical tem como propósito colaborar para o legado da educação na área da saúde no Brasil.