O vídeo de um personal trainer espancando um homem em situação de rua após flagrá-lo dentro de um carro com a esposa dele no Jardim Roriz, em Planaltina (DF), continua causando polêmica e despertando interesse, mas a polícia ainda não chegou à conclusão sobre quais possíveis crimes foram cometidos no episódio, bem como se houve algum tipo de violência sexual.
Apesar de ter ocorrido na última quarta-feira (9), a história de violência tomou as redes sociais dias depois. Ontem, foi um dos assuntos mais comentados na rede de microblogs Twitter. Apesar do momento em que os envolvidos se encontram ter sido gravado em vídeo, ainda há muitos pontos a serem esclarecidos pela investigação.
Entenda o que se sabe e o que até agora falta ser esclarecido sobre a história.
O vídeo
Câmeras de segurança de uma residência na rua em que o carro estava estacionado registraram a agressão. Em pouco tempo, o vídeo começou a circular nas redes sociais, o que aumentou a visibilidade do caso na internet.
As imagens mostram o homem batendo nos vidros do carro por alguns segundos até conseguir abrir a porta do veículo. Ele começa a agredir o homem sem-teto enquanto ele ainda está dentro do carro.
Pouco tempo depois, o personal aparece falando ao telefone e agredindo o homem novamente, dessa vez fora do carro, enquanto a mulher se veste. Em determinado momento, ela se ajoelha no chão enquanto o homem continua a apanhar.
O personal O personal trainer Eduardo Alves, 31, ligou para o 190 ainda durante as agressões e disse pensar que a esposa era vítima de um estupro. Ao chegar na 16ª Delegacia de Polícia, em Planaltina, responsável por investigar o caso, ele explicou sua versão dos fatos e disse que a esposa estava com problemas psicológicos e saiu com a mãe dele no dia do ocorrido.
“Ele [Eduardo] relatou que, após ajudar um morador de rua em Planaltina, as mulheres (mãe e esposa) haviam se separado. Ele procurou pela esposa e, ao avistar o carro estacionado, imediatamente se aproximou, momento em que viu a mulher com um homem, tendo relações [sexuais]. Nesse momento entrou em luta corporal”, afirmou nota da Polícia Civil.
Em depoimento, Eduardo falou que passou quatro horas procurando a mulher e tentando ligar para o telefone dela, que estava desligado.
O agredido No hospital, o homem agredido, Givaldo Alves de Souza, 48 anos, afirmou que a mulher parou de carro no lugar em que ele costuma dormir, nas imediações de uma escola, e o chamou. Ela teria proposto “Vamos brincar?”, disse ele em depoimento à polícia. Na narrativa dele, a mulher teria gostado dele e o convencido a entrar no carro antes de eles serem flagrados pelo “homem bravo” enquanto estavam tendo relações sexuais.
Ele afirma que não sabia que a mulher seria casada e que foi procurado nas imediações de onde costuma dormir, próximo à escola Centro de Educação Fundamental Paroquial de Planaltina.
O elemento fé
Um pastor conhecido da família foi acionado por Eduardo Alves e falou à polícia que a mulher teria o procurado quatro dias antes da ocasião falando que “queria ajudar na obra de Deus”. Segundo o pastor, ela manifestou interesse em ajudar pessoas em situação de rua.
A repercussão
A imagem do personal trainer e da esposa foi divulgada rapidamente nas redes sociais, assim como áudios atribuídos à mulher, que não tiveram veracidade confirmada. Ambos precisaram apagar seus perfis após a exposição e Eduardo contou que a mulher foi vítima de violência.
“Ela sempre foi uma mulher honesta, trabalhadora, temos atividades profissionais e filhos pequenos. O que aconteceu na última quarta-feira foi algo terrível que nunca havíamos vivenciado. Seguimos confiantes no trabalho de investigação da Polícia Civil do DF e do Ministério Público do DF”, disse Eduardo Alves sobre a esposa.
A defesa do casal explicou que o caso afetou toda a família e uma nota de esclarecimento assinada por Eduardo contou que além de sofrer a violência sexual, ela sofreu outra violência ao ser acusada de traição em rede nacional.
Os envolvidos Três pessoas estão envolvidas no caso: o personal trainer Eduardo Alves, 31; a esposa dele, de 33 anos, e o sem-teto Givaldo Alves de Souza, 48.
Eduardo não foi preso, a mulher segue internada em um hospital particular e o morador de rua foi socorrido pelos bombeiros ao hospital com ferimentos na região do rosto e recebeu alta na última segunda-feira (14).
As investigações devem esclarecer se houve ou não violência sexual no contexto do crime e o delegado responsável pelo caso não falará sobre o assunto, que segue em sigilo.