Opioide sintético identificado em Campinas provocou quase morte imediata; Anvisa incluiu substância e derivados de cogumelos artificiais na lista de drogas proibidas
Autoridades brasileiras confirmaram a circulação de novas drogas sintéticas no país, entre elas o N-pirrolidino protonitazeno, um opioide da família dos nitazenos até 25 vezes mais potente que o fentanil. A substância pode causar parada respiratória imediata, segundo o relatório semestral do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad).
O risco ficou evidente em Campinas (SP), em julho, quando um paciente apresentou rebaixamento de consciência após ingerir álcool e um comprimido não identificado. Exames da Unicamp confirmaram a presença do nitazeno. Só sobreviveu porque recebeu três doses de naloxona, antídoto contra opioides — sinal da gravidade da intoxicação.
Além do nitazeno, a Polícia Científica de Santa Catarina, com apoio da PF, identificou em balas industrializadas da marca Magic Mushroom Gummies duas substâncias inéditas no Brasil: as triptaminas sintéticas 4-HO-DET e 4-AcO-DET, já detectadas em países como Canadá e Chile.
A Anvisa reagiu com rapidez, incluindo as três drogas na Lista F2 de substâncias proibidas. A fabricação, venda e importação estão expressamente vedadas. No caso do nitazeno, a proibição saiu 19 dias após a notificação; já para as triptaminas, o processo levou 56 dias.
Especialistas alertam para o poder letal do nitazeno. Segundo Maurício Yonamine, professor da USP, ele é “cerca de 25 vezes mais potente que o fentanil, que por sua vez é 50 vezes mais forte que a heroína”. O risco principal é a depressão respiratória, que pode levar à morte por asfixia com uma dose mínima.