O Festival Vulica Brasil é o primeiro grande evento internacional de arte urbana de Brasília – estreia em 11 de agosto com murais, oficinas e ações sociais, por artistas de Brasília, do Brasil e do mundo
De 11 a 24 de agosto, a capital será empena do Festival Vulica Brasil, primeiro grande festival internacional de arte urbana a ocupar Brasília, transformando o espaço público em galeria viva. Aprovado na Seleção Petrobras Cultural com recursos da Lei Rouanet, o projeto reúne artistas de Brasília, de outras cidades do Brasil e de outros países, além de ações ambientais (práticas sustentáveis, cuidado especial com resíduos, reaproveitamento das latas, etc.) e sociais. O evento deste ano marca a estreia brasiliense desse formato de festival, nas ruas, após cinco edições em Minsk (Belarus), entre 2014 e 2019, quando região abandonada foi transformada em referência cultural, apelidada de “Rua Brasil”.
“Vulica” quer dizer “Rua” em belarusso, daí o nome “Vulica Brasil” (“Rua Brasil”). O festival nasceu do desejo de valorizar a arte urbana brasileira e promover intercâmbios culturais. Tudo começou na Rua Oktyabrskaya/Kastrychnitskaya, em um antigo bairro industrial de Minsk. Ao longo dos festivais, o Vulica gerou mais de 50 intervenções urbanas: murais, esculturas, instalações, pinturas em bondes, vagões de metrô, chaminés de fábricas, ações de urbanismo tático, ambientais e sociais. O projeto busca levar ao mundo a face contemporânea do Brasil, por meio da arte pública, acessível a todos, produzida por artistas de diversas origens, etnias, gêneros e tribos.
Obras como o mural d’OsGemeos, na Embaixada do Brasil em Minsk, e o trabalho de Ramon Martins, o maior mural do mundo na temporada 2016-2017, impulsionaram e consolidaram o festival. Ao longo das edições, ele colaborou estreitamente com organizações da sociedade civil locais, inclusive ONGs socioeducativas e até mesmo o PNUD, das Nações Unidas. O poder público, reticente no início, ao observar os muitos benefícios socioculturais da iniciativa, passou a apoiar o Vulica, oferecendo suporte institucional e logístico.
Inédito no Brasil, o festival é mais do que evento: é movimento. Fundado em 2021, o Instituto de Arte e Sustentabilidade Vulica Brasil (iVB), iniciado como festival em Belarus em 2014, finca bandeira em Brasília, ampliando suas atividades locais. Em 2022, realizou o projeto Acorda, Conic!, com oficinas de urbanismo tático voltadas para a requalificação do local para o público.
Em 2024, realizou a exposição Natureza Urbana, no CCBB, com a criação de obras “site specific” ao longo da programação – após a conclusão da exposição, a obra escultural de grandes proporções da dupla ECHO, que por algumas semanas abraçou o edifício-sede do CCBB, de autoria de Oscar Niemeyer, foi doada ao acervo do Jardim Botânico, onde se encontra até hoje.
Após dois meses de exposição, as esculturas de bambu e os bancos de taipa da artista e designer Nina Coimbra foram doados ao Jardim Botânico de Brasília. Os painéis de madeira do artista Thiago Toes, da mesma exposição, foram doados ao Assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho-DF, para decorar a área comunitária e alegrar o cotidiano de mais de 700 famílias.
Neste 2025, a 6ª edição do Festival Vulica prestará tributo à capital modernista, cuja arquitetura singular e energia cultural tornam-se a base ideal para a arte pública. As intervenções previstas concentram-se no Conic, ícone simbólico da cultura brasiliense, e avançam pelo Setor Comercial Sul (SCS), fortalecendo o eixo cultural emergente no centro de Brasília, em parceria com o SESI LAB, elemento essencial na efervescência artística daquela área, nos últimos anos.
“Fazer arte urbana é desafiador. Toda cidade apresenta desafios próprios, derivados de sua história, cena artística, arquitetura, e abertura do governo local a colaborações. Em Brasília, Patrimônio Arquitetônico da Humanidade pela UNESCO, os obstáculos existem e não são poucos, mas conseguimos conquistar nosso espaço”, afirma Danilo Costa, fundador do Vulica. A metodologia de atuação baseia-se no diálogo com os moradores e frequentadores das áreas selecionadas, articulação com administradores de edifícios, gestores públicos e artistas.
Nascido do muralismo, o Vulica traz dois nomes com história nos festivais em Belarus: L7Matrix (SP) e Zéh Palito (SP). O line-up reúne a maior presença feminina da história do evento, na mesma edição, com Jumu (Alemanha/Peru), Ledania (Colômbia), Rowan Bathurst (EUA), Hanna Lucatelli e Juliana Lama (Brasil). Completam a seleção curatorial o coletivo Bicicleta Sem Freio (Goiânia), Toys Daniel (Brasília), Enivo (SP) e Rafael Sliks (SP), nomes consagrados da cena urbana nacional e internacional.
“A inovação é constante na proposta artística do Vulica – desafiamos a criatividade dos artistas, com obras e linguagens inéditas; ‘trasladamos’ artistas da galeria ao ambiente externo; respeitamos o entorno e as questões sociais dos locais escolhidos. O público poderá conferir, ao longo do festival, como o Vulica promove a arte inovadora e energiza as comunidades frequentadoras das felizardas locações eleitas, respeitando o belo patrimônio arquitetônico e cultural de Brasília”, completa o fundador do festival.
O festival será divulgado nas redes sociais, com produção de conteúdo do Instagrafite (INGF). O público poderá participar gratuitamente de oficinas, rodas de conversa, walking tours, live paintings e do grande encerramento, no SESI Lab, em 24 de agosto – para mais detalhes, siga nossas plataformas.