Mauro Vieira defende uso de avião da FAB para asilo à ex-primeira-dama do Peru

Ministro das Relações Exteriores afirma que retirada de Nadine Heredia foi feita com concordância do governo peruano e respaldo na Convenção de Caracas

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu nesta sexta-feira (18/04) a decisão do governo brasileiro de usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar ao Brasil a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia Alarcón, condenada por corrupção no país andino. Segundo o chanceler, a operação foi realizada por questões de segurança, urgência e caráter humanitário, com anuência do governo peruano.

“O avião da FAB existe para servir ao governo brasileiro em ações dos mais diferentes aspectos. Nesse caso específico, foi a única forma de retirá-la com segurança e rapidez do país”, explicou Vieira em entrevista à GloboNews.


Asilo com base legal e motivos médicos

Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala, foi condenada judicialmente por corrupção, mas alegou perseguição política. O Brasil acolheu seu pedido de asilo diplomático com base na Convenção de Caracas (1954) e na legislação brasileira.

O ministro argumentou que a decisão levou em conta o estado de saúde da ex-primeira-dama, que teria passado por cirurgia na coluna e encontra-se em recuperação, acompanhada de seu filho menor de idade, também acolhido pelo governo brasileiro.

“Foi concedido com base em questões humanitárias, de saúde e proteção familiar, em estrita conformidade com a Convenção e os marcos legais nacionais”, reiterou Vieira.


Acordo internacional e crítica da oposição

Segundo o chanceler, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi informado da decisão, e o trâmite seguiu os “padrões estabelecidos pela Convenção Internacional de Caracas”. O caso, no entanto, gerou reação imediata da oposição, que questiona o uso de recursos públicos e aponta possível favorecimento político a aliados da esquerda latino-americana.

Heredia e o filho chegaram a Brasília na quarta-feira (16/04) e solicitaram refúgio para permanência no país. O advogado Marco Aurélio de Carvalho, próximo ao PT, informou que a família residirá em São Paulo durante o período de regularização e tratamento médico.


Cenário diplomático sensível

O episódio se soma a outros movimentos recentes do Itamaraty que reforçam o papel do Brasil como ator garantidor de direitos na América Latina, mas que também levantam debates sobre limites diplomáticos, neutralidade institucional e alinhamentos políticos na política externa do governo Lula.

Enquanto o governo justifica a decisão como uma ação dentro do direito internacional humanitário, setores da oposição consideram o gesto um recado político com custos simbólicos e orçamentários.