Marcela Temer: da passarela ao Planalto

Discreta e pouco afeita aos holofotes, a ex-primeira-dama viveu trajetória que vai de concursos de beleza no interior paulista à diplomacia internacional ao lado de Michel Temer

Antes de ocupar o Palácio da Alvorada, Marcela Tedeschi Araújo Temer vivia uma rotina longe da política. Nascida em Paulínia, interior de São Paulo, ela teve uma breve carreira como modelo, foi vice-Miss em concursos regionais e chegou a atuar como recepcionista de um jornal local. Filha do casal Norma Tedeschi e Carlos Araújo, é formada em Direito pela Fadisp, embora nunca tenha atuado como advogada — não prestou o exame da OAB por ter engravidado do único filho, Michelzinho.

A história com Michel Temer começou em 2002, quando se encontraram em uma convenção do PMDB. Ela tinha 19 anos; ele, 62. O que seria um contato político virou namoro, casamento e, mais tarde, uma convivência no centro do poder em Brasília. Uma semana após o matrimônio, em 2003, Marcela tatuou o nome do marido na nuca.


Um perfil discreto em meio ao poder

Marcela ficou conhecida por sua descrição e sobriedade. Ainda como vice-primeira-dama durante o governo Dilma Rousseff, sua imagem já chamava atenção — especialmente durante eventos públicos, como as posses presidenciais. Aos 27 anos, seu contraste de idade com Temer viralizou nas redes sociais e a colocou sob os holofotes, mesmo sem buscar esse protagonismo.

Durante o mandato presidencial de Michel Temer (2016–2018), Marcela teve poucas falas públicas, mas participou de eventos relevantes, sempre ligados a causas sociais, saúde e infância. Foi embaixadora voluntária do programa Criança Feliz, iniciativa do governo para promover políticas públicas voltadas à primeira infância.


Presença institucional e ações sociais

A atuação de Marcela incluiu agendas internacionais e diplomáticas. Participou de encontros com primeiras-damas do BRICS, visitou escolas no Japão e foi anfitriã de eventos com figuras como a rainha Silvia da Suécia. Também esteve à frente de ações no Brasil, como visitas ao Incor, à ONG Viver, e ao lançamento do programa Viva Voluntário.

Entre os compromissos de maior visibilidade:

  • Discurso na Rio+20 e em programas de saúde feminina;
  • Participação em eventos com Michelle Bolsonaro durante a transição de governo;
  • Madrinha de honra do submarino Riachuelo, primeiro construído pelo Prosub.

Polêmicas, ameaças virtuais e fantasmas

Apesar da discrição, Marcela esteve no centro de algumas polêmicas. Em 2016, foi vítima de um hacker que clonou seu celular e exigiu R$ 300 mil para não vazar informações pessoais. Em 2019, teve itens apreendidos pela Polícia Federaldurante a Operação Descontaminação, que prendeu o ex-presidente.

Outro episódio curioso envolveu o abandono do Palácio da Alvorada, que, segundo Temer, teria “más energias” e fantasmas. A família se mudou antes mesmo do fim do mandato presidencial.


Entre a privacidade e o dever público

Marcela Temer permanece como uma das figuras mais reservadas que passaram pelo posto de primeira-dama.Sem redes sociais ativas e com raras aparições após o fim do governo, ela simboliza uma abordagem silenciosa do poder — onde o recato e o dever institucional andaram lado a lado.